Um homem condenado à prisão perpétua recebeu clemência do presidente Donald Trump e, após deixar a cadeia, gravou um vídeo rendendo “todo louvor e glória a Deus”. A anistia foi concedida a outros presos que estavam em situação semelhante.
Charles Duke Tanner, um ex-boxeador profissional de Gary, no estado de Indiana (EUA), cumpria prisão perpétua por um delito de drogas não violento. Ele gravou um vídeo logo que chegou em casa agradecendo a Deus e ao presidente pela oportunidade de recomeçar a vida.
“Em primeiro lugar, quero dar todo o louvor e glória a Deus”, disse Tanner. “Obrigado por me ouvir. Mas, presidente Trump, só quero agradecer por me dar uma segunda chance, por acreditar em mim e por ler minha petição. Estou muito agradecido”, acrescentou o anistiado.
De acordo com o portal FaithWire, uma das coincidências do caso do ex-boxeador é que ele, há vinte anos, lutou profissionalmente em um cassino de Donald Trump, quando o empresário bilionário ainda não atuava na política dos Estados Unidos.
Ele foi preso em 2004, sem antecedentes criminais, acusado de liderar uma conspiração de drogas. Ele foi originalmente condenado à prisão perpétua, que mais tarde foi reduzida para 30 anos de prisão. Inicialmente, estava programado para ficar na prisão até outubro de 2030, mas o presidente ordenou sua libertação após o cumprimento de 16 anos de prisão.
Tanner disse que não acreditava que fosse verdade até poder abraçar seu filho, que agora tem 18 anos: “Perdi minha mãe e meu pai, mas o peguei. É para isso que eu vivo. Obrigado, presidente Trump. Muito obrigado, do fundo do meu coração. Todo louvor e glória vão para Deus. Obrigado. Obrigado a toda a administração Trump, porque vocês leram [minha petição]”, reiterou.
Yesterday @realDonaldTrump granted Duke Tanner clemency after 16 years in prison
He was sentenced to LIFE in prison for a FIRST time, NON VIOLENT crime because of Joe Biden’s crime bill
God bless you & good luck with your SECOND CHANCE
Let’s make his POWERFUL message go viral! pic.twitter.com/PrS6JbJz5w
— Alex Bruesewitz (@alexbruesewitz) October 22, 2020
Revisões
O caso do ex-boxeador teria sido levado à atenção do presidente Donald Trump pela defensora da reforma prisional e aliada da Casa Branca Alice Johnson, cuja própria sentença foi comutada pelo presidente em 2018. Em agosto, o mandatário concedeu o perdão total a ela, e disse que a teria como conselheira de seu governo.
“Dissemos: ‘Quantas pessoas são como você ou a situação em que receberam essa sentença massiva, e são boas pessoas, ótimas pessoas’. E ela disse: ‘Muitas. Eles estão na prisão. Muitas’. E ela está procurando por essas pessoas, e ela está recomendando essas pessoas”, comentou o presidente na ocasião.
Como fruto dessas revisões feitas pelo presidente Trump sob aconselhamento de sua equipe e da anistiada Alice Johnson, outras quatro pessoas, além de Charles Duke Tanner, foram beneficiadas com o ato de clemência, por serem considerados injustiçados por sentenças excessivamente duras por crimes não violentos relacionados a drogas e dinheiro. Os nomes são Lenora Logan, Rashella Reed, John Bolen e Curtis McDonald.
Alice, que tem se dedicado a pedir votos pela reeleição de Trump, disse em um comunicado que ficou “extremamente grata” pelo presidente ter concedido as clemências: “Ver este sonho realizado… nem consigo descrevê-lo”, resumiu.
O secretário de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse que Trump decidiu conceder clemências “à luz das decisões que esses indivíduos tomaram após suas condenações para melhorar suas vidas e as de outras pessoas enquanto estavam encarcerados”.
O antigo empresário do ex-boxeador, Troy Bly, comemorou a soltura do amigo: “Isso não poderia acontecer a uma pessoa mais merecedora. Mesmo após uma sentença de prisão perpétua, Duke nunca parou de lutar e agora ele pode receber clemência. Mal podemos esperar para voltar para a comunidade e ajudar o máximo de pessoas possível. Este é apenas o começo, e continuaremos lutando para trazer o máximo possível de nosso povo da prisão”, declarou.
Biden
A clemência lançou luz sobre um projeto de lei criminal, de 1994, que foi aprovado com atuação decisiva do então senador Joe Biden (Partido Democrata).
A legislação está sendo apontada como parcial, tendo colaborado para condenações de negros americanos a sentenças excessivas. Hoje, Biden – que foi vice-presidente de Barack Obama – é adversário de Donald Trump na corrida pela Casa Branca. No atual mandato, o presidente já concedeu perdão a 27 pessoas e clemência a outras 16. Em comparação, durante seu primeiro mandato, Obama concedeu perdão a 22 pessoas e clemência a apenas uma.