O carnaval é uma festa popular consolidada na cultura do brasileiro, porém, os custos da folia, geralmente, são pagos pelos cofres públicos, abastecidos com os impostos de todos os cidadãos, incluindo a maioria dos evangélicos, que não participam dos festejos de Momo.
Nesse cenário, o deputado federal Ezequiel Teixeira (PTN-RJ), integrante da bancada evangélica e líder da igreja Projeto Nova Vida, de Irajá, está propondo que o Ministério Público proíba a realização do carnaval em lugares onde não há estrutura para isso.
Teixeira fez uma crítica severa em relação ao uso de verbas públicas nessa festa: “Falta recurso para a saúde e para o pagamento de salários dos servidores, mas sobra para a farra do canaval”, criticou.
Falando especificamente sobre a festa que acontece na ilha de Paquetá (RJ), o deputado frisou que a festa dos blocos leva um público que é três vezes maior que a população local, e que isso causa transtornos aos moradores, prejuízo ao meio ambiente e possibilidade de incidentes maiores.
“Verdadeiramente lamento os danos ambientais e os transtornos suportados pelos moradores da Ilha de Paquetá. Precisamos identificar e responsabilizar aqueles que permitiram a realização do bloco de carnaval que levou o caos para a tranquila ilha”, afirmou, de acordo com informações do jornal Extra.
Em Paquetá, o carnaval segue o modelo de Salvador, com blocos de rua. Nos últimos anos, a festa cresceu. Em 2016, o bloco Pérola da Guanabara recebeu oito mil pessoas, e no último final de semana, a concessionária CCR Barcas, responsável pelo transporte para a ilha, contabilizou 12 mil foliões.
O próprio jornal carioca noticiou que a CCR Barcas aumentou a oferta de embarcações, mas a medida não foi suficiente para evitar confusão e alguns foliões pularam as catracas. Em certo momento, a empresa chegou a liberar a entrada gratuita para minimizar as filas e arrefecer os ânimos dos foliões mais exaltados.
A iniciativa do deputado evangélico não agradou os foliões, que a despeito das questões de segurança e meio ambiente, querem manter o carnaval na pequena ilha: “Um bloco em Paquetá é uma experiência diferente, um lugar à parte, que pouca gente frequenta. Atravessar a Baía de Guanabara na barca, curtindo com os ritmistas, ouvindo uma música legal é uma energia muito boa”, comentou Débora Latige, uma foliã.
O responsável pelo bloco Sereias da Guanabara, que sai no centro do Rio de Janeiro em direção à baía, criticou a iniciativa de Ezequiel Teixeira: “Há uma onda de conservadorismo, e o carnaval tem que resistir. Depois vão tentar proibir em outros lugares”, argumentou.