Os deputados federais Tia Eron e Márcio Marinho (PRB-BA), integrantes da bancada evangélica e ligados à Igreja Universal do Reino de Deus, podem ter recebido, de maneira indireta, recursos destinados a beneficiários de um programa social da Assembleia Legislativa baiana.
Tia Eron ficou nacionalmente conhecida por ser o “voto de minerva” contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara e está entre os políticos que receberam doações de campanha de beneficiários do programa social, que custou R$ 19 milhões entre 2011 e 2014 e era destinado a “crianças carentes” matriculadas na rede de ensino.
De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, 80 doadores de campanha de 2014 estão na lista de beneficiários do programa bolsa-auxílio. O deputado federal Márcio Marinho
O Partido Republicano Brasileiro (conhecido nos bastidores como “partido da Universal”) é a legenda que mais recebeu recursos para seus candidatos de doadores que fazem parte da lista de beneficiários do programa.
As verbas usadas pela Assembleia Legislativa da Bahia para sustentar o programa foram depositadas nas contas de 3.349 alunos ou seus responsáveis, de acordo com o portal Meu Congresso Nacional, que mapeia informações sobre as atividades parlamentares e doações a candidatos.
No total, os beneficiários do programa de bolsa-auxílio que fizeram doações aos políticos entregaram cerca de R$ 330 mil aos candidatos, o que é conflitante com as condições sociais exigidas para receber o benefício.
Márcio Marinho (bispo licenciado da Igreja Universal), Tia Eron e o deputado estadual Sildevan Nóbrega, todos do PRB, receberam, juntos, R$ 48 mil de oito bolsistas.
Outro envolvido no escândalo é o ex-deputado estadual baiano Deraldo Damasceno (PSL), que aparece como o maior recebedor de “doações”: R$ 34 mil, oriundos de três “bolsistas”, que juntos receberam R$ 14 mil de bolsa. O intrigante é que todos os três trabalhavam com o deputado, com salários entre R$ 5 mil e R$ 11 mil.
A Folha aponta ainda o deputado estadual Alex Lima (PTN), que está entre as “crianças carentes” beneficiárias do programa e recebeu R$ 2.500 de auxílio em 2012, dois anos antes de se eleger. Em sua declaração de bens em 2014, afirmou ter patrimônio avaliado em R$ 1 milhão, mas alega ter passado por uma fase de dificuldades financeiras.