A cantora Priscilla afirmou em entrevista que recebe críticas dos evangélicos porque provavelmente não tem substituta à altura em termos artísticos no meio gospel: “Devo fazer falta lá”, declarou.
A entrevista abordou as críticas que recebe de todos os lados: o público que ela pretende conquistar, a comunidade LGBT+, ainda tem ressentimentos com ela por conta de suas pregações no tempo em que cantava gospel e dizia que “Deus ama o pecador” para se referir aos homossexuais.
Já o público evangélico, que ela decidiu abandonar, critica justamente a postura completamente antagônica adotada por ela. Uma das desconfianças era que a cantora nunca foi verdadeiramente convertida, indícios que se reforçam com a declaração da própria Priscilla sobre suas aspirações:
“É um recomeço artístico, porque venho apresentando ao público uma Priscilla que eles não conheciam, mas que eu conhecia. Sempre soube do meu potencial, então, sempre me visualizei em outros lugares”, admitiu a artista.
Desde que abandonou o sobrenome e lançou suas novas músicas, com referências explícitas sobre sensualidade e exposição do corpo, a cantora decidiu atacar frontalmente o público que, por décadas, admirou seu talento musical: “Eu era um produto gospel muito vendável e aí tomei a asa e fui viver do que acredito, falar do que eu acredito. Então, deixei a forma convencional, a forma aceita, a forma ideal, que é a que geralmente é imposta para quem está dentro desse ambiente”, alfinetou.
“Não é uma dor de traição… Não sei, devo fazer falta lá”, acrescentou a artista, demonstrando a visão que tem de si mesma.
Para tentar conferir algum grau de coerência a seu discurso e tentar fazer seu novo público-alvo aceitar a diferença de conduta, Priscilla passou a repetir que agora alcançou um estágio de compreensão da fé cristã em que não depende da Igreja de Cristo para se relacionar com Ele.
A tentativa é clara: sugerir que a postura criticada pela comunidade LGBT+ no passado era fruto de “más influências” do meio evangélico, enquanto mantém uma ligação ao menos nominal com o cristianismo: “Ao longo dos últimos anos, desenvolvi uma fé madura e, para mim, uma fé madura é uma fé autônoma, que não depende de terceiros”, disse ao Estadão.
“Você não precisa de uma intersecção, de um intermediador entre você e Deus – além d’Ele mesmo. Então, a fé autônoma que digo é quando você não se tornou um repetidor de alguém, você é pensante. A ideia que tenho do próprio Jesus é a de que Ele não queria formar repetidores: Ele veio formar pensadores”, alegou, ignorando as palavras do próprio Cristo em Mateus 16:18:
“E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la”.