O “Didaquê” ou “Instrução dos Doze Apóstolos” é um documento cristão – constituído de dezesseis capítulos – que foi descoberto em um mosteiro de Constantinopla, em 1873, pouco conhecido há quem considere embora uma pequena obra, que ele seja de grandioso valor histórico e teológico. Dada a sua importância e utilização para a igreja primitiva era tanta que houve até uma possibilidade de ser escrita na cânon do Novo Testamento – este que foi estabelecido somente no século IV.
A maior divergência a cerca do Didaquê seria quanto a sua datação, pois, alguns estudiosos estimam que ele tenha sido escrito anteriormente a destruição do templo de Jerusalém, entre os anos 60 e 70 d.C, já outros estimam que ter sido escrito entre os anos 70 e 90 d.C., contudo são coesos quanto à origem sendo na Palestina ou Síria e que tenha sido escrito por mais de uma pessoa. Quanto a sua autenticidade, é de senso comum que o mesmo não tenha sido escrito pelos doze apóstolos, mas estudiosos acreditam na junção de fontes orais tendo recebido tais ensinos que resultaram na elaboração do mesmo.
Pouco conhecido ainda hoje, é um tanto como intrigante a análise deste manuscrito ao lê-lo. Abaixo dois capítulos e alguns de seus versículos, pode-se perceber que o livro vai contra a basicamente o que algumas igrejas cristãs vivem na atualidade, quanto a seus pastores e ao que pregam e doutrinas adotadas hoje por esta mesma maioria.
CAPÍTULO XI
1. Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido.
2. Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.
3. Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.
4. Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor.
5. Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta.
6. Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta.
7. Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.
8. Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta.
9. Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta.
10. Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta.
11. Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas.
12. Se alguém disser sob inspiração: “Dê-me dinheiro” ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.
CAPÍTULO XII
1. Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita.
2. Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário.
3. Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar.
4. Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio.
5. Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!
Você pode ler o Didaquê completo no E-Cristianismo.
Fonte: Gospel+