Um estudo realizado pelo instituto Political Research Associates (PRA), de Boston, Estados Unidos, acusa entidades ligadas a cristãos evangélicos de promoverem a homofobia em países da África.
Entre as organizações citadas pelo relatório do estudo, estão a ACLJ (sigla em inglês para Centro Americano para Lei e Justiça), fundado pelo pastor Pat Roberston. As acusações do PRA dão conta que os líderes evangélicos estariam disseminando uma ideia de que os defensores dos direitos humanos são na verdade, neocolonialistas com objetivos de destruir a África com a imposição de costumes ocidentais, incluindo a homossexualidade.
Porém, as organizações cristãs citadas no relatório do PRA negaram contundentemente as acusações, e afirmaram que suas ações nos países africanos respeitam os costumes locais, de acordo com informações do jornal inglês The Guardian.
O relatório, intitulado “Colonizando Valores Africanos: como a direita cristã americana está transformando a política sexual na África”, foi escrito pelo padre anglicano zambiano Kapya Kaoma (foto), que afirmou ter a percepção de que os evangélicos estariam combatendo o homossexualismo divulgando ideias de que a prática seria antiafricana e disseminada através da cultura ocidental através dos ativistas de direitos humanos.
O padre acusa os evangélicos de enxergarem a África como um jogo: “Eles parecem saber que estão perdendo a batalha nos Estados Unidos, de modo que o melhor que podem fazer é ser vistos como estando ganhando em outra parte do mundo. Isso lhes confere uma razão para estarem fazendo levantamento de fundos nos EUA. A África é um joguete na batalha que estão travando nos Estados Unidos”, critica Kaoma.
A Human Life International, entidade ligada à Igreja Católica e que consta do relatório do PRA como uma das que estariam disseminando a homofobia rebateu as acusações: “Achamos que é importante estarmos na África porque a investida contra os valores africanos naturais pró-vida e pró-família está vindo dos Estados Unidos. Então nos sentimos na obrigação de ajudá-los a entender a ameaça e a reagir a ela com base em seus próprios valores e culturas”.
A diretora da filial do ACLJ na África Oriental, Joy Mdivo, desclassificou as acusações: “Alguém falou que recebemos dinheiro dos americanos para disseminar a homofobia, e eu respondi que não preciso disseminar a homofobia. Basta caminhar na rua, abraçar outro homem e parecer romântico. Não preciso dizer a ninguém o que fazer. Essa é a realidade de quem somos, apenas isso”, afirmando que agressões a gays são comuns nesses países, e que não estariam sendo incentivadas por evangélicos.