Há três anos o grupo extremista muçulmano Talibã tomou o poder no Afeganistão após a retirada das tropas militares ordenada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Desde então, a situação dos cristãos no país se tornou ainda mais difícil, mas a perseguição tem impulsionado o crescimento da Igreja.
Ao todo, estima-se que três milhões de afegãos vivam refugiados em países vizinhos, lutando diariamente para sobreviver. Isolados em montanhas arenosas, a maioria mora em pequenas casas de barro, e seus filhos não podem ir à escola e são explorados no trabalho.
Atualmente, o Afeganistão é considerado do 10º país mais hostil para cristãos, no ranking anual Lista Mundial da Perseguição, elaborado anualmente pela Missão Portas Abertas para classificar os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.
A situação dos refugiados afegãos é ainda mais delicada por conta da recusa dos governos dos países vizinhos em ajuda-los. Essa postura é adotada por temor de que o grupo extremista muçulmano faça alguma represália.
“Até mesmo o acesso à água é negado às pessoas que ousaram fugir do Afeganistão. No entanto, há cristãos como Ahmad que cava poços de 240 metros de profundidade para oferecer água a quem precisa e aproveita a oportunidade para falar sobre Jesus, a fonte de água viva”, diz comunicado da Portas Abertas.
O nome Ahmad é um pseudônimo adotado por questões de segurança, para evitar retaliações por parte dos radicais islâmicos. Segundo a Portas Abertas, “Ahmad é comparado ao apóstolo Paulo da região porque tem como objetivo de vida apresentar a Cristo para refugiados afegãos, que são de maioria muçulmana”.
“Ajudamos as pessoas com roupas, casacos de inverno, sapatos, fraldas, assistência médica e outras questões práticas. Só o fato de cuidarmos delas as deixa curiosas. Por meio do projeto com o poço, cerca de 300 famílias já ouviram falar de Jesus. Elas se reúnem em grupos domésticos. Trinta afegãos foram batizados em apenas um mês”, declarou Ahmad.
Ao longo dos últimos anos, ele já foi preso cinco vezes e sua irmã foi agredida por policiais que queriam força-la a negar a Jesus. Quando eles perderam o pai, Ahmad foi impedido de comparecer ao funeral por uma multidão de 500 muçulmanos, por exemplo.
Mesmo assim, Ahmad segue anunciando o Evangelho nas oportunidades que recebe, com o objetivo de fazer discípulos de Jesus.
Outro caso de missionário local é o de Ishmaël (também um pseudônimo), que ensina futebol para adolescentes: “Desde o início do projeto de futebol, cerca de quarenta meninas e cem meninos se reúnem todos os dias. O exercício lhes dá esperança e prazer e isso nos dá contato com seus pais. Alguns nunca ouviram o Evangelho”, relatou.
Dessa forma, uma igreja doméstica está sendo formada de maneira discreta: “Precisamos de sabedoria. Às vezes, não sabemos qual é a melhor maneira de ajudar os refugiados. Portanto, por favor, orem por nós, porque sem a ajuda de Deus, não chegaremos a lugar nenhum”, pediu Ishmaël.