O rosto de Maria Madalena, uma das discípulas mais dedicadas de Jesus, foi reconstruído digitalmente por uma dupla de pesquisadores brasileiros a partir do crânio que é atribuído a ela e mantido na Basílica de Santa Maria Madalena, no sul da França.
“Ela era uma mulher bonita”, diz o pesquisador Paulo Miamoto, especialista em odontologia e antropologia forense. Ele e o parceiro de projeto, o designer gráfico Cícero Morais já finalizaram o trabalho de reconstrução digital do rosto de Maria Madalena, mas só apresentarão o resultado em julho, seguindo o cronograma acordado com a Igreja Católica.
“O processo de reconstrução da face dela foi todo feito segundo protocolo científico. São as mesmas técnicas que usaríamos em uma perícia. Uma das condições que eles colocaram era que nós não poderíamos divulgar essa face até começarem as comemorações oficiais em homenagem à Santa, lá na França, em 19 de julho”, explicou Miamoto ao G1.
A dupla já trabalhou em um projeto semelhante antes, com a reconstrução do rosto de Santo Antônio, também a pedido da Igreja Católica.
“O designer Cícero Morais, que é do Mato Grosso e trabalha comigo nesses projetos pela Equipe Brasileira de Antropologia Forense e Odontologia Legal (Ebrafol), foi procurado por um rapaz lá do Ceará que é estudioso da vida dos santos. Ele disse que estudava muito e falou da Maria Madalena e que, provavelmente, os restos mortais dela estavam no sul da França e poderiam gerar alguma curiosidade”, contou Miamoto, revelando detalhes da iniciativa.
Segundo Miamoto, a técnica utilizada permitiu que o trabalho de fotografia dos restos mortais de Maria Madalena fosse feito pelo bispo e pelo padre responsáveis pela Basílica: “Tudo que eles precisavam fazer era tirar fotos ao redor desse crânio e nós processaríamos as imagens por meio de um programa de mapeamento em três dimensões. Embora eles (padre e Bispo) tenham aceitado, foi um desafio, porque eles são leigos, mas conseguimos aproveitar as fotos”, relatou o pesquisador.
A técnica utilizada foi a fotogrametria, ferramenta comumente usada por arqueólogos e adaptada para refazer crânios, cenas de crimes e até construções arquitetônicas. Um software estabelece pontos de linhas da modelagem do rosto a partir das imagens do crânio, com projeções de ângulo e ajustes que o designer pode estipular.