Uma mudança de postura em relação à fé que é alvo de suas piadas: o humorista Fábio Porchat, que já se referiu à crença na Bíblia Sagrada como “maluquice”, agora rebate as críticas dizendo que Jesus não se importa com os esquetes do Porta dos Fundos.
Em dezembro de 2019 o grupo de humor se tornou alvo da ira de católicos e evangélicos por apresentarem uma caricatura do Filho de Deus como um homossexual. Abaixo-assinados foram feitos no Brasil e no mundo, pedindo à Netflix que removesse o filme de seu catálogo.
Em entrevista ao portal Uol, o humorista declarou que não entende o motivo de, depois de tantos anos incomodando os seguidores de Jesus, porque o Especial de Natal do ano passado gerou tanta revolta.
“A gente faz especial de Natal desde 2013. Eu que escrevo e sempre atuo também. Em 2018 a gente ganhou um Emmy por ele, inclusive. Em 2019, cinco pessoas se sentiram no direito de pegar duas bombas e explodir na nossa produtora. O que será que mudou? A gente não mudou. Nossos especiais não mudaram. O que aconteceu no Brasil, de 2018 para 2019, que fez com que as pessoas ficassem mais agressivas, intolerantes, se sentindo no direito de serem paladinos da justiça e dos bons costumes? Essas pessoas precisam rever um pouquinho”, disse o humorista.
Fabio Porchat usou uma conjugação verbal que contradiz seu histórico de negação da existência divina: “Jesus é amor, não é ódio. Ele está preocupado com gente morrendo, não se eu fiz uma brincadeira com Jesus. Ele está rindo disso, é um grão de areia para ele. E se você confia na sua religião, e acredita no seu Deus, não precisa se preocupar com a gente. Está na Bíblia: Deus vai tomar conta e resolver os problemas”.
Por fim, aproveitou para politizar a situação ao atribuir as críticas que o Porta dos Fundos sofre à ascensão de uma ampla oposição à esquerda e ao progressismo: “Eu acho que a gente está vivendo esse momento sombrio no Brasil, de pessoas se achando no direito de matar as outras. No momento em que se acha normal morrer, ‘vai morrer só dez mil pessoas’, e isso está tudo bem… não tinha que morrer ninguém. A gente tem que se preocupar com o próximo”, concluiu.