As provocações da classe artística à fé cristã são recorrentes e, em geral, resultam em protestos daqueles que se sentem ofendidos em suas crenças. O mais recente episódio envolve o personagem Ronald McDonald, símbolo da rede de fast food, pregado em uma cruz numa exposição do Museu de Arte de Haifa, no norte de Israel.
A escultura do artista finlandês Jani Leinon foi selecionada como parte da mostra “Sacred Goods” (“bens sagrados”, em tradução livre). A junção de um símbolo de uma empresa com um dos marcos cristãos remete a duas expressões da cultura ocidental, porém em uma crítica ácida e descontextualizada.
De acordo com informações do portal israelense Haaretz, centenas de manifestantes cristãos se reuniram em frente ao Museu de Arte exigindo a remoção da escultura. O protesto foi tão inflamado que um homem de 32 anos terminou preso, e três policiais que atuavam no controle da manifestação ficaram feridos por pedradas.
A Assembleia dos Ordinários Católicos da Terra Santa emitiu um comunicado em que expressa a compreensão sobre a crítica do artista em relação aos excessos do capitalismo, mas que é inaceitável que essa manifestação se apoie na desfiguração do símbolo mais sagrado do cristianismo.
“O que é adequado para a Europa e a população cristã da Finlândia não é adequado para a nossa comunidade e não pode ser recebido com compreensão”, disse o reverendo Arquimandrita Agapious Abu Sa’ada, da Arquieparquia Católica Melquita Grega em Acre.
De acordo com Abu Sa’ada, ele e vários outros padres se reuniram com a gerência do museu e concordaram que uma tela seria colocada em torno do trabalho, bloqueando-o da visão geral do público. Além disso, o museu irá inserir uma placa para alertar os visitantes sobre conteúdo potencialmente ofensivo.
Os sacerdotes também se opuseram à violência registrada no protesto, e fizeram a ressalva de uma infiltração de manifestantes movidos por “interesses políticos”: “Nós, como religiosos, estamos destinados a nos afastar da violência. Portanto, quem pensa que pode defender os valores cristãos com violência está gravemente enganado”.
A postura compreensiva dos líderes cristãos, no entanto, não foi adotada pela ministra da Cultura de Israel, Miri Regev, que exigiu a remoção da escultura da exposição. Porém, a Associação pelos Direitos Civis em Israel, que é favorável à exposição, enviou uma carta na sexta-feira à procuradora-geral adjunta Dina Zilber, argumentando pela manutenção da peça.