O esgotamento físico e mental é uma realidade que acomete milhões de pessoas diariamente, algo que para a psicóloga cristã Valquíria Salinas não é diferente no meio religioso, onde pastores e líderes também estão sujeitos ao que na Saúde Mental é conhecido como Síndrome de Burnout.
Em um artigo publicado recentemente, Salinas explica algumas características dessa doença de ordem emocional, alertando que se não for tratada corretamente, pode acarretar outros problemas de saúde, inclusive levar ao suicídio.
“A Síndrome de Burnout é caracterizada por um estresse devastador”, diz a psicóloga. “O distúrbio pode causar sintomas desde a queda de cabelo, crise de choro, aumento da pressão arterial, taquicardia e problemas gastrointestinais. O que pode levar a uma depressão e a crises de ansiedade.”
Segundo Salinas, que é esposa de pastor e está à frente do Culto Regional de Mulheres que ocorre mensalmente na Assembleia de Deus na cidade de Sorocaba, em São Paulo, o surgimento da pandemia do novo coronavírus terminou acirrando ainda mais a possibilidade do esgotamento físico e emocional em diversos profissionais.
Isso porque, segundo a especialista, o trabalho domiciliar termina facilitando com que a pessoa não tenha um controle maior sobre o seu próprio horário, uma vez que tende a se preocupar mais em entregar resultados. Consequentemente, o estresse por excesso de dedicação se torna uma possibilidade maior.
“Eu já ouvi queixas de funcionários que acabam recebendo até chamada de vídeo em momentos fora de seu horário de trabalho. Se o profissional não tiver limites em seu dia a dia, acabara resultando em estresse, no qual as consequências poderão desencadear problemas físicos, mentais e emocionais, levando a pessoa a um esgotamento”, explica Salinas.
Esgotamento pastoral
Segundo a psicóloga, pastores e líderes religiosos em geral também estão sujeitos ao esgotamento físico e mental, algo que precisa ser tratado para evitar maiores danos, inclusive a ideação suicida.
“A Síndrome de Burnout pode ocorrer também com pastores e líderes, e os sintomas são praticamente os mesmos”, explica Salinas. “Como o esgotamento físico e mental, levando a um sentimento de incapacidade tão grande e até pensamentos suicidas. Infelizmente, já soubemos de alguns líderes que não buscaram ajuda e chegaram a cometer suicídio.”
Por fim, a psicóloga finaliza dizendo que a Igreja precisa estar atenta a esse tipo de problema, pois também é uma forma de cuidado mútuo e pastoral. Todavia, ela ressalta que é preciso deixar de lado alguns preconceitos e ignorâncias sobre o assunto, uma vez que nem tudo deve ser espiritualizado.
“Pessoas exaustas não tem condições de oferecer nada a ninguém. A exaustão atrapalha a pessoa dificultando, inclusive, na sua espiritualidade, não conseguindo oferecer carinho, amor e até mesmo uma palavra amiga a alguém. Burnout não é falta de fé como muitos julgam”, conclui a psicóloga.