Ele é um dos escritores evangélicos mais lidos do mundo. O americano Philip Yancey já vendeu mais de 14 milhões de cópias dos seus livros, os quais totalizam 19 obras publicadas. Fora da literatura ele também expressa as suas opiniões e fez isso durante uma entrevista concedida recentemente.
Uma das pautas comentadas por Yancey foi a polarização entre visões políticas e culturais divergentes, especificamente a esquerda e a direita. O autor evangélico criticou a forma como muitos cristãos interpretam essa divisão, considerando apenas alguns temas e não o conjunto das propostas.
“Por várias razões. Alguns eleitores elevam uma questão acima de todas as outras: como aborto ou direitos homossexuais. Conheço muitos que votarão em um candidato a favor da vida em detrimento de um candidato a favor do aborto, independentemente de outras questões; eles acreditam sinceramente que a vida é a linha de fundo com a qual os cristãos devem se preocupar”, explicou o autor.
Yancey acredita que a esquerda e a direita podem até ter objetivos comuns, no tocante ao desejo de querer bem a população. É neste sentido que ele afirma não haver tanta diferença em “ideais”. Para isso citou como exemplo um encontro que teve com jornalistas russos.
“Nunca esquecerei uma reunião que tive com os editores do Pravda, o jornal oficial do partido comunista na Rússia. Os editores disseram: ‘Estamos confusos. Temos muito em comum com vocês, cristãos. Nós somos contra o racismo e vocês também. Nós cuidamos dos pobres, como vocês. Queremos igualdade e dignidade para todos. E, no entanto, começando com os mesmos ideais, criamos a maior monstruosidade que o mundo já viu”, disse ele, segundo o UOL.
Por fim, Yancey demonstra que a valorização da liberdade individual, defendida pela direita, possui mais apoio naturalmente por contrariar o surgimento de ideologias totalitárias defendidas pela esquerda, como o comunismo, mas que ainda assim é preciso estar atento para a possibilidade de outras formas de autoritarismos, como o fascismo.
“A esquerda e a direita não diferem tanto em ideais, mas sim em como alcançá-los. A esquerda se inclina mais para uma abordagem de cima para baixo, impondo a autoridade do estado. A direita defende a individualidade e a liberdade e resiste ao poder do governo”, explica o autor.
“É claro que há um caminho amplo entre essas duas abordagens, mas eu diria que a lição permanente do século 20 é que a abordagem extrema e ascendente do poder totalitário (seja da esquerda, como o comunismo, ou da direita, como o fascismo), inevitavelmente leva à violência e ao terror”, conclui.