E se seu cantor gospel favorito se tornasse um político? Isso pode se tornar realidade nesse ano de 2018 se as articulações das lideranças evangélicas em Brasília conseguirem concretizar seus planos para as eleições desse ano.
A tática é aumentar a expressividade da bancada evangélica principalmente no Senado, que hoje conta com apenas 3 senadores, e se enfraqueceu bastante após a saída do Bispo da Igreja Universal Marcello Crivella, eleito prefeito do Rio de Janeiro. Magno Malta está a frente representando os interesses políticos das lideranças evangélicas de Brasília no Senado, mas não é o bastante de acordo com as ambições e necessidades da bancada.
Em entrevista à Folha, o deputado Sóstenes Cavalcanti, um dos líderes políticos evangélicos, afirmou explicou que “começamos a ver dificuldades para nossas pautas contra legalização das drogas, casamento gay e etc. A gente conseguia vitórias importantes na Câmara e, mesmo com a troca do governo ideológico do PT pelo do Temer, elas travavam no Senado”.
A idéia é aumentar a bancada para 15 senadores, cinco vezes mais que a atual, e a principal cartada para alcançar esse objetivo é o cantor André Valadão, pastor da Igreja Batista da Lagoinha e um dos destaques do famoso grupo gospel Diante do Trono, junto a irmã Ana Paula Valadão. O também cantor Magno Malta já visitou o pastor para tentar convencê-lo a sair candidato e agora apenas espera a resposta: “está conversando com a família sobre isso”, revelou o deputado Sóstenes em entrevista a Folha, já a assessoria de imprensa do cantor disse ao JM Notícias que ele não se pronunciará sobre isso.
Eleito deputado federal pelo PSC da Bahia, o cantor Irmão Lázaro é outro nome visado para o Senado, segundo O Globo. Junto dele aparece o nome de Flávio Bolsonaro, filho do pré candidato à presidência Jair Bolsonaro, que é membro da Igreja Batista e alinhado com o meio. Outro nome famoso que sonha com o Senado é o do cantor e pastor Marco Feliciano, mas segundo ele para a candidatura acontecer é preciso “uma boa articulação. Não vou trocar o certo pelo duvidoso”, disse ele em entrevista recente. Pela Igreja Universal o apresentador do Fala Que Eu Te Escuto, bispo Antônio Bulhões (PRB-SP), e o ex ministro do governo Dilma e bispo licenciado da denominação, Marco Pereira, que embora diga que não tem planos, afirmou que “política é momento”.
Porém não só em celebridade que a bancada evangélica aposta. Políticos evangélicos mais antigos no meio também irão se candidatas e já fecham apoios. Segundo o JM Notícias, Eliziane Gama do PPS se candidatará pelo Maranhão, o Bispo Guaracy Junior, da Igreja Quadrangular, será o candidato do PTC no Amapá e Zequinha Marinho pelo PSC do Pará.
Neste ano cada estado irá eleger 2 senadores para totalizar 81 no Senado Federal. Se as lideranças evangélicas alcançarem seu objetivo de quintuplicar sua base política ali, saltando de 3 para 15 senadores, os evangélicos terão muito mais facilidade para articular e passar suas pautas e propostas, como já vem acontecendo na Câmara dos Deputados.
Câmara dos Deputados Gospel
Para a Câmara a estratégia é mais complexa pois cada denominação tem seus próprios candidatos. O bispo Robson Rodovalho, ex deputado e líder da igreja Sara Nossa Terra, irá se reunir com a confederação de pastores que ele preside, a Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, para “harmonizar as igrejas em torno de candidatos, para evitar que haja muitos deles com representatividade, mas poucos votos. Aí ninguém entra”, disse ele em entrevista.
Já o pastor Marco Feliciano, eleito deputado federal pelo PSC-SP, acredita que uma união entre as diversas denominações é uma utopia. Segundo ele, em época de eleição, as Assembléias de Deus do ministério liderados pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa praticamente o torna “proibido, em campanha, de passar na calçada da igreja”, devido o apoio da denominação ao deputado Paulo Freire, que é filho do pastor presidente.
“Renascer, Universal… Nenhuma das grandes igrejas vai abrir espaço para candidato de outra igreja. Isso é coisa de mente utópica. Ninguém quer colocar a azeitona na empadinha de ninguém” – Deputado Marco Feliciano
Se unir a bancada católica para ter ainda mais força é uma das possibilidades, assim como chamar nomes de peso do empresariado nacional, como Flavio Rocha, presidente da Riachuelo.
Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, hoje 32% dos brasileiros se considera evangélico. Com o número crescendo cada vez mais, este se torna um dos nichos mais fortes e poderosos do Brasil hoje. A meta da bancada evangélica na câmara dos deputados é saltar de 80 filiados para 150 dos 513 que serão eleitos, totalizando assim 30% dos parlamentares alinhados ao interesse das lideranças evangélicas nos próximos 4 anos.