O cantor e compositor Cid Guerreiro, que hoje é evangélico, compôs em 1987 uma das músicas mais famosas entre o público infantil no Brasil. Gravada pela Xuxa em seu álbum “Xou da Xuxa 3”, a música “Ilariê” ficou em primeiro lugar nas paradas nacionais por 20 semanas em 1988 e levou o álbum ao Guinnes Book, com a venda 10,5 milhões de cópias. Hoje ele se prepara para a gravação de seu terceiro álbum gospel.
Em entrevista ao iG, o cantor contou sua experiência de conversão, e falou das dificuldades que enfrenta em receber os direitos autorais sobre sua mais famosa composição, que já foi alvo de polêmica entre evangélicos por causa de rumores de que teria pacto com o diabo.
Ele conta que se converteu há 8 anos depois de retornar de uma viagem à Argentina, convidado a participar de um culto na casa de Carla Perez e Xanddy, ele afirma que pensava que a reunião era na verdade uma pegadinha de TV. “Assim que cheguei, achei que fosse pegadinha de TV. Mas quando o bispo Ivo Dias começou a orar, percebi que Deus bateu na porta do meu coração. Comecei a chorar sem parar, levantei a mão involuntariamente e pedi a confirmação de Deus”, conta.
Guerreiro diz que não se arrepende das coisas que fez durante seu tempo de fama, mas que seu foco de vida agora é outro. Afirmando estar vivendo uma fase maravilhosa em sua vida, afirma: “Eu era o que muitos são hoje, mas agora não quero mais ganhar almas, e sim cuidar de almas”.
O cantor revelou ainda ter ganhado muito dinheiro com “Ilariê” na época de seu lançamento. Segundo Guerreiro, a música foi gravada em 80 idiomas, mas que agora ele não recebe mais o que lhe é devido pela música e pretende cobrar do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), seus direitos pela execução da música em buffets infantis e carnavais fora de época.
[Atualização] A empresa responsável pela assessoria de imprensa da Ecad, a Approach, enviou para o Gospel+ a seguinte declaração:
“O Ecad informa que o compositor, intérprete e músico Cid Eduardo Meireles – Cid Guerreiro – recebe regularmente os valores de direitos autorais por execução pública da música “Ilariê”. No período de 2007 a abril/2012, o Ecad repassou à associação a qual o artista é filiado cerca de R$ 100 mil, relativos à execução pública musical da obra em questão. O Escritório ressalta ainda que sua atuação diz respeito somente à proteção dos direitos de execução pública musical. A arrecadação e a distribuição de outros tipos de direitos autorais relativos à venda de CDs, DVDs, ao uso de música em trilhas sonoras, por exemplo, não são da alçada da instituição”.
Leia a entrevista na íntegra:
iG: Como está a sua vida hoje?
Cid Guerreiro: É a melhor fase da minha vida. Antes tinha fama, sucesso e dinheiro, mas nada disso se compara com o que tenho hoje.
iG: O que tem feito?
Cid Guerreiro: Nesta semana, estou entrando em estúdio para gravar meu terceiro CD gospel, só de louvor e adoração.
iG: Você continua com o mesmo visual ripongo-relax…
Cid Guerreiro: Não mudei por fora, e sim por dentro. Meu coração hoje é limpo, puro e cristalino.
iG: Como aconteceu a sua conversão à religião evangélica?
Cid Guerreiro: Há oito anos, quando estava em São Paulo, tive uma noite muito difícil, não conseguia dormir. Na manhã seguinte, fui convidado para ir a um louvor na casa de Carla Perez e Xanddy.
iG: Foram eles que lhe apresentaram à palavra de Deus?
Cid Guerreiro: A reunião acontecia na casa deles. E como estava há anos fora do Brasil (ele passou uma temporada na Argentina), assim que cheguei, achei que fosse pegadinha de TV. Mas quando o bispo Ivo Dias começou a orar, percebi que Deus bateu na porta do meu coração. Comecei a chorar sem parar, levantei a mão involuntariamente e pedi a confirmação de Deus.
iG: Você ainda ganha dinheiro com “Ilariê”?
Cid Guerreiro: Sim, mas não como deveria. Nos anos 1980, ganhei muito dinheiro, a música foi gravada em 80 dialetos. E hoje é tocada no mundo todo, em todos os buffets infantis, assim como em todos os carnavais fora de época. Deveria estar rendendo muito mais do que está.
iG: Na época dizia-se que a música tinha um pacto com o diabo.
Cid Guerreiro: Não, nunca teve esse teor demoníaco. Hoje sou evangélico, mas já fui espírita, do candomblé, e não tem nada a ver. “Ilariê” vem de hilariante, engraçado, assim como “Tindolelê”.
iG: Você disse que teve muito sucesso antes, mas sua vida não era boa. Do que se arrepende?
Cid Guerreiro: Hoje, com a palavra, tenho felicidade no coração e minha vida é maravilhosa. Não tenho do que me arrepender, eu era o que muitos são hoje, mas agora não quero mais ganhar almas, e sim cuidar de almas.
iG: Recentemente a Xuxa concedeu uma entrevista reveladora ao “Fantástico”, na qual dizia ter sido abusada quando criança. O que achou disso?
Cid Guerreiro: Xuxa é uma figura linda, oro muito por ela para que encontre o verdadeiro Deus. Sinto que ela está passando por um momento difícil, se sentindo muito fraca. Mas há 25 anos, quando lancei “Ilariê”, todos nós vivíamos como uma família e era excelente.
Fonte: Gospel+