O deputado federal André Janones (Avange-MG), que se apresenta como evangélico, teria admitido o uso de “fake news” (notícias falsas) para prejudicar o então presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) na campanha presidencial de 2022, quando disputou com o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A revelação foi divulgada com exclusividade pelo jornal O Globo, que obteve acesso à integra de um livro que ainda será lançado por Janones. Em um dos capítulos, por exemplo, o deputado fala sobre “O celular de Bebianno”.
Gustavo Bebianno foi secretário-geral da Presidência do governo Bolsonaro, em 2019, mas acabou sendo afastado do cargo, virando um desafeto do presidente. Posteriormente, ele foi vítima de um infarto e veio a óbito.
Janones, por sua vez, insinuou que teria tido acesso ao conteúdo do celular de Bebianno (que nunca apareceu), dando a entender que nele haveria algo capaz de comprometer Bolsonaro.
Sobre isso, o deputado lembrou do que fez para tentar desestabilizar Bolsonaro durante um debate eleitoral com Lula, na Globo: “Horas antes de o debate começar, publiquei uma foto minha segurando alguns papéis. A legenda dizia: ‘Tá tudo na mão do Pai, agora é com ele. Seja o que Deus quiser!'”.
“O que Jair Bolsonaro temia? Que eu tivesse entregado documentos sobre Gustavo Bebianno para Lula às vésperas do último debate. Até eu me impressionava com minha capacidade de mexer com eles”, escreveu Janones no livro.
Manipulação
Após a repercussão da notícia sobre o uso de fake news em favor de Lula, Janones negou que fizesse uso de notícias falsas contra Bolsonaro. Em vez disso, ele diz que “apenas” manipula as informações.
“Eu manipulo a informação. Antes de dar a informação, eu faço um jogo de palavras para levar o eleitor a entender que estou dizendo algo, mas estou dizendo outra coisa. Meus métodos são questionáveis? Sim. Eticamente duvidosos? Sim. Fake news? Não”, disse ele ao Poder360.