O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello afirmou que a Corte “esticou a corda” na interferência a outros poderes da República, e que espera “temperança e compreensão” do presidente Jair Bolsonaro.
Marco Aurélio Mello foi aposentado compulsoriamente no dia 12 de julho, quando completou 75 anos de idade. Crítico do inquérito das fake news, apelidado por ele como “inquérito do fim do mundo”, o ex-ministro admitiu erros do Supremo Tribunal Federal.
“A corda foi muita esticada, e foi esticada de ambos os lados. Penso que o Judiciário também esticou a corda”, disse Marco Aurélio Mello.
“Esse inquérito natimorto, que votei contra, foi instaurado pela vítima, não houve distribuição, não houve sorteio; dentro dele, tudo cabe […] Penso que deve haver compenetração, sentar-se à mesa para conversar”, ponderou.
Na entrevista ao portal Metrópoles, Marco Aurélio disse reconhecer que “manifestações fazem parte da democracia”, e que o reprovável são os atos de vandalismo, que não foram registrados no 7 de setembro.
Em seguida, afirmou que espera que o presidente Jair Bolsonaro tenha “temperança, compreensão e entendimento para se trabalhar ao povo brasileiro”.
“Nós temos de presumir o que normalmente ocorre. É suficiente para nos preocupar a crise de saúde e a crise social; não precisamos de crise política. Espero que ele, que tem mais um ano e meio de mandato pela frente, simplesmente trabalhe e faça o melhor para o Brasil”, afirmou.
Prisão de ministros
Dois promotores aposentados fizeram uma petição ao Ministério Público Militar com vistas ao afastamento ou prisão de nove ministros do Supremo Tribunal Federal. Somente o mais recente empossado na Corte, Kassio Nunes Marques, não teve o nome citado.
Os promotores Wilson Koressawa e Getúlio Alves de Lima pedem que José Dias Toffoli, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes incorreram em “crimes permanentes e inafiançáveis contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito”.
Na peça, os promotores aposentados também mencionam as prisões de Daniel Silveira, Oswaldo Eustáquio e Roberto Jefferson, determinadas pelo Supremo e consideradas inconstitucionais por uma série de juristas brasileiros.
De acordo com informações do portal Conexão Política, a petição de Koressawa e Lima sustenta ainda que os ministros apontados, motivados pelo objetivo de se oporem ao presidente eleito, cometeram crimes como genocídio e tortura, formando uma “organização criminosa promovida, constituída e integrada por todos os representantes”.