A ofensiva midiática da Igreja Universal do Reino de Deus vem sendo acompanhada por especialistas em TV e sociólogos como uma estratégia de crescimento religioso com viés político. Às vésperas da eleição, a presença maciça da denominação do bispo Edir Macedo na TV aberta pode ser visto como um capital na troca de apoio político.
Conhecido por apoiar a legalização do aborto como forma de controle de natalidade e planejamento familiar, o bispo Edir Macedo é o único líder evangélico que deverá apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), que deverá comparecer à inauguração da réplica do Templo de Salomão construída pela Universal.
“O expurgo de Valdemiro e Malafaia de seus principais púlpitos eletrônicos tem ainda um reflexo político. Em 2010, quando o tema do aborto ganhou destaque na eleição presidencial, eles foram os dois neopentecostais que apareceram na propaganda do então candidato José Serra (PSDB), principal rival de Dilma. Neste ano, com o candidato pastor Everaldo (PSC) concentrando apoios evangélicos, a Universal poderá ficar como a única neopentecostal relevante a apoiar a petista”, escreveu o jornalista Ricardo Mendonça na Folha de S. Paulo.
Mendonça afirmou ainda em sua matéria que as locações da Universal nas emissoras de TV aberta “provocam reviravolta na geopolítica das [igrejas] neopentecostais”. Já o sociólogo Ricardo Bitun entende que a estratégia de “estrangulamento” das denominações concorrentes utilizada pelo bispo Edir Macedo é um capítulo novo na disputa por fiéis: “A concorrência entre elas é fortíssima, com consultores auxiliando cada uma dessas operações e milhões de reais envolvidos”, resumiu.
Recentemente, a jornalista Keila Jimenez, também da Folha de S. Paulo, informou que “há emissoras preocupadas com os planos da Igreja Universal de diminuir os investimentos em locação de horários em TV em 2015”. Atualmente, boa parte das emissoras que cedem o espaço para a denominação custeiam até 70% de suas despesas com os valores arrecadados com a locação da grade.
As informações de que a expansão midiática da Igreja Universal tenha prazo de validade definido, com uma redução dos investimentos em 2015, reforçam a tese de que a presença maciça do bispo Macedo na TV seja uma forma de potencializar seu capital político junto ao PT para conquistar maior influência em um eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.