Uma fiel que teceu severas críticas à direção da megaigreja Gateway Church foi expulsa do quadro de membros e foi impedida de entrar no templo por seguranças armados. A igreja vem atravessando uma crise após o antigo pastor presidente renunciar diante de acusações de abusos sexuais.
Robert Morris, pastor que dirigia a Gateway Church, renunciou ao cargo no dia 18 de junho após ser acusado por uma mulher de 54 anos chamada Cindy Clemishire de ter abusado sexualmente dela em 25 de dezembro de 1982, quando ela tinha apenas 12 anos.
Os crimes teriam se mantido por mais quatro anos e meio depois disso. Nessa época, Morris era um jovem ordenado ao ministério pastoral, mas ainda não havia fundado a Gateway Church.
A repercussão do caso levou a diversos desdobramentos, incluindo as críticas de uma fiel chamada Valentina Hansen, que atuava como voluntária na igreja e de tanto criticar a postura da liderança da igreja após a acusação ao pastor, terminou expulsa.
“Eu direi isto: em meus 47 anos de vida, nunca tive minha filiação à igreja revogada, dispensada, como eles queriam chamar. Nunca tive minhas oportunidades de voluntariado dispensadas”, desabafou Valentina.
Valentina usou as redes sociais para revelar que se reuniu, em 22 de agosto, com o presbítero Tra Willbanks e a pastora e Lorena Valle, líder de uma filial da megaigreja, além de outros líderes. No encontro, ela cobrou informações sobre as ações práticas no caso da mulher que acusa o antigo pastor de abuso.
Ela também acusou o presbítero Willbanks de mentir ao dizer que os advogados da Gateway Church estavam em contato com o advogado de Cindy, Boz Tchividjian, para indeniza-la pelo trauma vivido com o suposto abuso de Morris, além do tratamento inicial dispensado pela própria igreja à vítima.
Na mesma publicação, a fiel referiu ao presbítero como “enganoso e evasivo” quando foi questionado sobre as finanças da igreja, dizendo a ela que o caixa está em ordem, com o patrimônio preservado.
Expulsão
Após a fiel fazer acusações à direção da igreja, sua filiação de membro foi revogada, e o porta-voz da Gateway Church afirmou ao portal The Christian Post que a decisão foi tomada após a liderança tentar esclarecer suas preocupações, mas diante da postura “proativa” de Valentina contra a igreja, a situação se tornou insustentável.
“Antes de sua filiação ser revogada, a Sra. Hansen solicitou e recebeu uma reunião privada com uma pastora de uma filial e com um dos anciãos da Gateway para ouvir suas preocupações e esclarecer suas perguntas. Após essa reunião privada de várias horas, ela escolheu não acreditar nas respostas precisas e factuais que recebeu da pastora do campus e do ancião”, disse o porta-voz Lawrence Swicegood.
Após a desfiliação do quadro de membros, Valentina voltou às redes sociais acusando os anciãos de “fornecerem informações falsas”, e o porta-voz enfatizou que ela não tinha motivos para isso.
A desfiliação de Valentina se deu porque os anciãos concluíram que ela estava “semeando discórdia na igreja”, que já vem enfrentando sérias dificuldades com a denúncia contra o fundador.
“Nunca fui contatada ou abordada por nenhum membro do presbitério sobre essas preocupações. Não recebi nenhuma advertência, nenhum aconselhamento e nenhuma orientação sobre como resolver quaisquer problemas percebidos. Isso está em contradição direta com os princípios delineados em Tito 3:10, que enfatiza a importância de abordar o comportamento divisivo por meio de conversas diretas e advertências”, defendeu-se Valentina.
No dia seguinte após ser comunicada que havia sido expulsa, Valentina gravou sua tentativa de entrar na igreja para conversar com os anciãos, quando foi barrada por seguranças armados, sob o olhar de policiais que estavam no local monitorando a situação.