A eleição para a nova presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados teve um desfecho inesperado até então: a indicação do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para ocupar uma das vice-presidências.
Marco Feliciano já foi o presidente da CDHM no ano de 2013, o que causou enorme polêmica e grandes protestos por parte de ativistas gays. A indicação do pastor teria sido uma manobra do Partido dos Trabalhadores (PT) para evitar que a bancada evangélica elegesse o deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), também pastor evangélico e aliado de Silas Malafaia.
A proposta do PT, de acordo com informações do G1, foi feita para garantir que os evangélicos – que são maioria entre os 18 integrantes da CDHM – deem seu voto ao deputado Paulo Pimenta (PT-RS), e assim, garanta que o partido continue à frente da comissão, que é considerada estratégica para as propostas ideológicas da legenda.
O deputado federal e ativista gay Jean Wyllys (PSOL-RJ), notório adversário político de Feliciano, comentou o resultado das negociações e afirmou que essa foi a saída encontrada para que parlamentares como ele não se afastassem novamente da CDHM, como aconteceu em 2013.
Vocês estão acompanhando aqui o imbróglio na Comissão de Direitos Humanos e Minorias que, até o momento, ainda não teve sua mesa eleita graças a uma quebra explícita, por parte dos evangélicos que compõem o bloco de partidos liderados pelo PT, do acordo feito no colégio de líderes de que o PT presidiria a comissão – quebra que se expressou com o lançamento da candidatura avulsa de Sóstenes Cavalcante (PSD/RJ), construída a partir da aliança entre as bancadas da Bala e da Bíblia. Com a maioria numérica para retirar a presidência do PT e emplacar a candidatura avulsa de Sóstenes, essa turma poderia derrotar o PT no voto […] Diante disso, só restou ao PT partir pra uma negociação com os evangélicos do bloco de partidos que lidera no sentido de garantir um espaço legislativo para os direitos humanos das minorias sexuais, étnicas, sociais e religiosas: a mesa será composta pelos seguintes nomes: Paulo Pimenta, do PT/RS (Presidência) e, nas vice-presidências, eu, Rosângela Gomes (PRB-RJ) e Marco Feliciano (PSC/SP). O propósito da negociação foi o melhor, portanto”, escreveu Wyllys em sua coluna no portal iG.
Feliciano desconversa
O pastor usou sua página no Twitter para negar que assumiria a vice-presidência da CDHM em um acordo feito pela bancada evangélica com o PT: “A imprensa, mais uma vez, no desejo de informar, desinforma. Não há acordo algum assumido pela Frente Evangélica para a eleição do presidente da CDHM. O PT através de interlocutores tentou sem sucesso um acordo. Ventilaram meu nome e de outro deputado, me perguntaram o que eu pensava, e respondi: ‘De minha parte não haveria problema algum, estou à disposição da Frente Parlamentar Evangélica, sou e sempre serei um homem de diálogo’. Regimentalmente não é possível a composição desta mesa. Somente parlamentares do bloco do PT pode ser indicados para as vice-presidências. Nem eu nem o outro deputado podemos nos candidatar a cargo algum, acordo de líderes e regimento nos proíbem por não fazermos parte do bloco”, afirmou.