Não durou a proposta do deputado federal Cabo Daciolo (PSOL-RJ) de mudar a Constituição Federal para registrar que “o poder emana de Deus”.
A ideia do parlamentar evangélico era mudar o texto da Constituição que diz que “todo poder emana do povo” para que o país pudesse, oficialmente, reconhecer a soberania de Deus em seu principal conjunto de leis.
A justificativa de Daciolo era que o país atravessa um momento de “guerra espiritual entre principados e potestades”, e que para vencer, seria preciso a mudança sugerida.
O PSOL se reuniu com o parlamentar e expressou opinião contrária à proposta de mudança da Constituição, forçando Daciolo a retirar seu projeto da pauta de votação.
“Não é a primeira vez que o parlamentar faz intervenções com posições adversas às do PSOL. Na diplomação não teve constrangimento em tirar foto com o fascista Jair Bolsonaro, na mesma semana em que a bancada do PSOL pedia a cassação dele por sua apologia ao estupro”, criticou a executiva estadual do partido no Rio de Janeiro.
A nota, publicada pelo deputado e ativista gay Jean Wyllys em sua página no Facebook, foi além e descreveu a postura do partido como “radical” em relação a temas ligados à religião: “O PSOL é um partido que tem programa e uma militância engajada na sua construção. Temos princípios, valores e convicções que nos colocam ao lado de todos os setores oprimidos. Defendemos a liberdade de crença e não crença. Combatemos o fundamentalismo religioso e o messianismo. Somos radicais na defesa da absoluta laicidade do Estado”, pontuou o texto.
Embora alguns militantes tenham defendido o afastamento de Daciolo dos quadros do partido – o que poderia resultar na perda de seu mandato – a bancada de deputados federais se posicionou de forma a esfriar os ânimos: “O deputado Cabo Daciolo acolheu as ponderações dos colegas, sustando a apresentação da PEC noticiada, sem prejuízo de seu debate individual sobre sua crença”, resumiu, segundo informações do jornal O Dia.