A iminente inauguração do Templo de Salomão da Igreja Universal do Reino de Deus no bairro do Brás, em São Paulo, tem levado preocupação aos vizinhos e líderes de igrejas que chegaram às redondezas antes da denominação liderada pelo bispo Edir Macedo.
O megatemplo, que replica em maior escala a construção descrita na Bíblia e erguida pelo rei Salomão, fica localizado na avenida Celso Garcia, que já hospeda a sede da Assembleia de Deus no Brás – Ministério de Madureira, liderada pelo pastor Samuel Ferreira, e a centenária Igreja de São João Batista.
O Templo de Salomão atrairá 10 mil fiéis por culto, número que se somará aos 5 mil da Assembleia de Deus e aos 400 fiéis católicos que frequentam as missas da Igreja de São João Batista, além de outras nove igrejas menores.
O urbanista Renato Cymbalista explica o motivo da preferência das denominações pelo bairro: “A região do Brás é local de convergência de imensos sistemas de circulação: trem, metrô, [avenida] Radial Leste, Avenida do Estado. Em dias úteis, milhões de pessoas passam por ali. Aos domingos, esse sistema fica disponível para levar as pessoas para as igrejas”, disse à Folha de S. Paulo.
Fiéis da Assembleia de Deus demonstraram preocupação com o tráfego na avenida quando o Templo de Salomão for inaugurado: “Acho que terá um grande impacto. Quando temos culto aqui, a rua de trás já fica bem complicada”, diz Ana Lopes, 37 anos. No entanto, apesar da preocupação com o trânsito, não há medo de que os fiéis troquem de igreja: “A Assembleia tem mais de cem anos, é a pentecostal mais antiga do Brasil. Não vai ter impacto com os fiéis”, comentou.
Já a fiel católica Mônica Chagas, 48 anos, diz que fiéis da Igreja Universal já iniciaram ataques aos frequentadores da Igreja de São João Batista antes mesmo da inauguração do Templo de Salomão: “Já entraram aqui para falar que a gente é de Baal, deus do dinheiro, como pode? Mas você já viu o tamanho da menorá [espécie de castiçal judeu] no jardim deles?”, criticou.
Impostos da construção do Templo de Salomão
O Tribunal Regional Federal (TRF) reafirmou sentença da 2ª Vara Federal de Santos e decidiu que a importação de pedras feita pela Igreja Universal do Reino de Deus para a construção do megatemplo não sofre incidência de impostos.
A decisão unânime desonerou a denominação do bispo Macedo dos impostos de Importação e de Produtos Industrializados (IPI). A obra importou toneladas da pedra cantaria, original da cidade de Hebron, em Israel.