A prática do aborto até os nove meses de gestação foi liberada de maneira indireta pela Assembleia Nacional Francesa, que aprovou uma série de emendas à lei de bioética do país. Em resposta, o pastor Renato Vargens pontuou que essa prática empresta o nome na modernidade para o sacrifício a Moloque.
Numa votação que terminou com 60 votos a favor e 37 contra, os parlamentares franceses aprovaram uma lei que permite o aborto a qualquer momento para uma mãe em “sofrimento psicossocial”, o que libera os profissionais de saúde para aprovarem o procedimento.
A escolha do termo abrangente e nebuloso levou conservadores do mundo inteiro a reagirem diante da legalização do aborto tardio na França. Agora, a legislação vigente no país diferencia os procedimentos entre aborto voluntário (l’Interruption volontaire de grossesse) – com limite máximo até a 12ª semana de gestação – e aborto médico (l’interruption médicale de grossesse), que pode ser realizado sem restrições até o nascimento em casos de malformação grave do feto ou quando uma gravidez coloca a vida da mãe em perigo
Com a nova lei, se a mãe alegar “sofrimento psicossocial” e médicos favoráveis à prática do aborto atestarem esse cenário amplo, o assassinato do bebê poderá ser realizado, de acordo com informações do portal Breitbart.
O grupo pró-vida francês Alliance Vita destacou que o sofrimento psicossocial é um “critério não verificável”, que abre a porta para as mulheres fazerem um aborto medicamentoso por qualquer motivo: “Quem sabe que nunca foi possível verificar a angústia, que era o motivo anterior do aborto voluntário, entenderá onde está a armadilha”, criticou Tugdual Derville, fundador da organização.
Atualmente, cerca de 220 mil abortos legais acontecem todos os anos na França, mas muitos temem que o número aumente com a nova legislação. Indignado, o pastor Renato Vargens, líder da Igreja Cristã da Aliança, em Niterói (RJ), lembrou que “o assassinato de crianças indefesas vem de muito tempo”, referindo-se aos cultos pagãos a Moloque.
“Desde a antiguidade as nações têm matado crianças recém-nascidas oferecendo-as aos seus deuses. Moloque foi um destes. Esse ídolo do passado, deus dos amonitas, adorado na terra de Canaã era venerado através do sacrifício de crianças”, contextualizou.
O artigo, publicado pelo portal Pleno News, traz um breve resumo sobre os sacrifícios ao ídolo: “Moloque era representado de diversas maneiras. Às vezes, suas mãos encontravam-se bem rentes ao chão para facilitar o acolhimento de suas vítimas. Em outras ocasiões achavam-se elas de tal forma postadas que, tão logo recebiam as oferendas, em sua maioria crianças recém-nascidas, deixavam-nas cair numa fornalha onde eram carbonizadas. Há também representações e relatos de que algumas estátuas de Moloque tinham a forma de um corpo humano com a cabeça de boi, sendo que o ventre da estátua era um lugar onde o fogo era aceso e crianças queimadas vivas”.
O pastor enfatiza que “as Escrituras retratam a reprovação de crime tão hediondo”, citando as passagens de Levítico 18:21, Levítico 20:2, I Reis 11:7, II Reis 23:10, Jeremias 32:35 e Atos 7:43.
“Hoje Moloque continua sendo adorado, só que de uma forma diferente. Na verdade, ouso afirmar que Moloque tem sido adorado através do aborto. Sim! Isso mesmo! O aborto é a forma moderna em que crianças têm sido assassinadas e, como tal, essa é uma prática repudiada pelo Senhor”, acrescentou Vargens.
Por fim, o líder evangélico reformado lembrou das passagens bíblicas que ensinam que a vida começa na concepção: “Deus nos forma quando estamos ainda no ventre da nossa mãe (‘Tu criaste cada parte do meu corpo; tu me formaste na barriga da minha mãe’. Salmos 139:13). O profeta Jeremias e o apóstolo Paulo foram chamados por Deus antes deles terem nascido (‘Antes do seu nascimento, quando você ainda estava na barriga da sua mãe, eu o escolhi e separei para que você fosse um profeta para as nações’. Jeremias 1:5); ‘Porém Deus, na sua graça, me escolheu antes mesmo de eu nascer e me chamou para servi-lo’. (Gálatas 1:15). Vale a pena ressaltar que, à luz da ciência e da Bíblia, uma criança não nascida é um ser completamente formado. Toda a informação genética já foi recebida no momento da concepção. Uma criança não nascida é uma pessoa completamente distinta da sua mãe. O bebê desenvolve todas as suas características humanas quando está no ventre. Os cromossomos de uma criança não nascida são únicos. Toda pessoa é uma criação singular de Deus. Jamais voltará a vida de uma criança não nascida tirada por um aborto, isto posto, abortar a vida de uma criança é desobedecer descaradamente o 6º mandamento”, concluiu.