O funk “Passinho do Abençoado”, composto por Tonzão, vem atraindo milhares de jovens de comunidades carentes no Rio de Janeiro e a popularidade da versão gospel do ritmo que se espalhou pelo Brasil não é pequena, proporcionando o surgimento de outros artistas.
Tonzão, ex-integrante do grupo Os Hawaianos, comemora marcas expressivas comparáveis a grandes nomes do meio gospel. Suas apresentações têm atraído até 200 mil pessoas.
“O funk é a cultura da periferia. A batida é a mesma. As letras que são diferentes. A dança é uma forma de evangelizar. Eu não saí dos Hawaianos com a ideia de seguir uma carreira gospel. Eu queria fazer um trabalho social, com jovens de periferia, de ressocialização. E nos Hawaianos eu não tinha tempo para isso”, explicou, lembrando que em 2011, quando saiu do grupo no auge de sua popularidade, ganhava até R$ 20 mil por mês.
Convertido à Assembleia de Deus dos Últimos Dias, do pastor Marcos Pereira, Tonzão conta que a ideia de gravar um funk gospel com passos de dança iguais ao do ritmo popular surgiu de uma brincadeira com jovens recém-convertidos.
A “batalha” de passinhos no templo da igreja rendeu uma cobrança de explicações do pastor, que viu a cena pelas câmeras de segurança. Rápido, Tonzão argumentou que era uma expressão da cultura em forma de louvor e foi autorizado a seguir adiante com a ideia.
Tonzão conta que hoje ganha menos do que há quatro anos, mas se sente bem e satisfeito: “Nos Hawaianos eu ganhava mais. Mas hoje eu tenho tempo para ver a minha família. As pessoas diziam que a minha mulher ia me largar. E hoje estamos casados e com dois filhos. O dinheiro não é igual, mas rende melhor. Porque eu não gasto com um monte de mulheres, com baladas e drogas, que eu cheguei a usar por curtição”, disse Tonzão ao G1. Atualmente, ele e sua esposa são membros do Ministério Flordelis, denominação fundada pela cantora pentecostal.
A popularização do funk no meio gospel motivou os irmãos Tiago e Diogo, que começaram a cantar funk ainda adolescentes, 20 anos atrás, a retomarem a carreira. Eles integraram o grupo de artistas que popularizaram o ritmo, como Latino, Catra e a dupla Claudinho e Buchecha.
Três anos depois, em 1998, se converteram ao Evangelho e decidiram largar tudo, o que os levou a enfrentar dificuldades financeiras, obrigando-os a trabalhar como barbeiros e ambulantes.
Em 2007, após pouparem dinheiro e gravarem um álbum com letras de temática cristã, retomaram a carreira: “Nós gravamos o CD e deu certo. Para divulgar, começamos a colocar caixas de som nas ruas para vender cópias. Assim, vendemos 40 mil CDs”, afirma Diogo. Em 2013, assinaram contrato com a Sony Music e lançaram o álbum “Festa na Igreja”: “Eu consegui unir as minhas duas paixões. Eu vivenciei o funk, que é bacana e não sou contra. Faz parte da cultura. E resolvemos cantar o gospel funk. A mensagem é a diferença. A nossa mensagem é uma mensagem espiritual, para o coração dos jovens”, conclui Diogo.