A quebra de braço entre Estados Unidos e Turquia envolvendo a prisão do pastor Andrew Brunson continua tensa e ainda não há indícios de que haverá uma trégua tão cedo, especialmente após a insinuação de um agente do Governo americano de que o país islâmico poderá sofrer novas retaliações em breve.
Recentemente, o assessor de segurança do presidente Donald Trump, John Bolton, concedeu uma entrevista para a agência internacional de notícias Reuters, alegando que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, está cometendo um “grande erro” ao manter o pastor Brunson detido.
Brunson foi acusado falsamente de colaborar com um plano terrorista para derrubar o Governo de Erdogan em 2016. Sem provas contra o pastor, porém, o Governo turco decidiu utilizá-lo como moeda de troca, dizendo que libertaria o pastor, caso os Estados Unidos deportassem o clérigo muçulmano Fethullah Gulen, acusado de ser o mentor da tentativa de golpe.
Os Estados Unidos, no entanto, afirma a inocência dos dois e se recusa a deportar Gulen, que atualmente vive como refugiado no país. O fato é que além das questões políticas envolvendo o caso, também existe a motivação religiosa, visto que o pastor Brunson atuou por 20 anos na Turquia, evangelizando milhares de pessoas com sua família.
Para Bolton, a insistência de Erdogan em manter Brunson preso está colocando a Turquia em uma grave crise econômica, já que após uma série de sanções econômicas dos Estados Unidos, como os 50% de taxa sobre o aço e 20% sobre o alumínio, fizeram com que a moda do país desvalorizasse cerca de 40% no mercado internacional.
“Todo dia que passa eles continuam com este erro, mas essa crise pode acabar instantaneamente se eles fizerem a coisa certa como um aliado da Otan, parte do Ocidente, e libertá-lo [pastor Brunson] (…) sem impor condições”, disse Bolton à Reuters.
Já para o estrategista-chefe de mercados emergentes da SEB, Per Hammarlund, a Turquia não deve resistir muito a pressão americana, devendo libertar o pastor, porém, isso ainda levará algum tempo, podendo agravar ainda mais a desvalorização da lira.
“Em última análise, eles vão liberar Brunson, mas vai demorar um pouco e enquanto houver um risco para os fluxos de dólares dos EUA para os bancos turcos ou para a Turquia em geral, então a lira [moeda turca] estará sob pressão. Eu não ficaria surpreso se vermos outro surto de volatilidade na lira e um enfraquecimento agudo novamente”, disse ele.