Gregório Duvivier, habituado a fazer piadas com a fé alheia como forma de promover seu ateísmo, voltou a zombar da existência de Deus, dizendo que Sua obra foi mal feita ou feita às pressas.
O integrante do Porta dos Fundos publicou artigo dizendo que “Deus existe mas tá de sacanagem”. O contexto de sua reclamação com Deus é a existência de tragédias: “Nessa hipótese vivemos dentro do SBT, e Deus seria algo entre uma espécie de Silvio Santos. Essas tragédias inexplicáveis? Tudo pegadinha”.
O texto, publicado na coluna de Duvivier na Folha de S. Paulo, diz que esse raciocínio “parece sádico”, mas justifica com a interpretação mais rasa possível de uma das principais passagens bíblicas do Antigo Testamento: “Ele mandou Abraão matar o filho e apareceu em cima da hora explicando que era trote ‘Rá! Ié ié! Pegadinha do Mallandro!'”.
Elencando hipóteses para a explicação da existência de Deus, o humorista diz que “Deus se comporta mais como o Boninho: confinou uma penca de delinquentes num planeta e tá vendendo o pay-per-view pra que outros delinquentes riam da nossa cara”, em referência ao diretor do reality show Big Brother, veiculado pela TV Globo.
“Tudo o que entendemos como tragédias naturais não passam de provas-do-líder, e isso explica também a onipresença de marcas à nossa volta, geralmente financiando nossa miséria”, acrescentou Duvivier.
A lista de zombarias – que denota certa mágoa e incompreensão – inclui ainda uma tese vitimista: “Deus existe, mas tem mais o que fazer. Cansado da gente, Papai do Céu foi comprar cigarro e nunca mais voltou, como tantos outros papais. A Terra, espécie de mãe-solo, criou a gente sozinha, na raça, porque, depois de ter uma porrada de filhos, o cara resolveu tocar sua vida, afinal não leva muito jeito com criança”.
“A Terra não passa de um frila (sic) mal pago que Deus tinha só uma semaninha pra fazer — e fez em seis pra dar uma descansada. No orçamento não estava incluída uma refação. Deus existe mas tomou droga demais na juventude, e de má qualidade”, sugeriu, ironizando o livro de Gênesis, como já fez antes em esquetes de sua produtora.
“Emaconhado, fez o sistema solar. Até que começou a cheirar e inventou de botar gente morando aqui, só porque ele não aguentava mais falar sozinho. Acabou se metendo com crack, no que resultou na Idade Média. Sequelado, debilitado, senil, hoje alguns acham que ele morreu, mas na verdade tá na Record — fazendo figuração em novela bíblica”, encerrou Gregório Duvivier.
Essa postura birrenta já foi, inclusive, criticada por um colega de profissão: em 2013, Renato Aragão deu uma bronca em Duvivier durante uma edição do programa Na Moral, de Pedro Bial. “Nunca passei por esse temor de fazer piada com religião porque a gente não precisa disso, não precisa usar uma religião para fazer humor; eu acho que até agride”, afirmou o veterano humorista. “Uma coisa que agride é você criticar a religião da pessoa, muçulmano, católico ou evangelho. Não precisa”, insistiu.
A tirar pelo artigo mais recente, assim como projetos como o Especial de Natal do Porta dos Fundos, Gregório Duvivier e sua trupe não acataram o conselho.