A ação de sequestro de mulheres do Estado Islâmico para escraviza-las sexualmente teve efeitos pouco conhecidos no Ocidente, já que a cultura oriental é embasada em manutenção da honra e represália em caso de vergonha.
Nesse contexto, quando uma mulher é estuprada, a maioria das famílias do Oriente Médio se envergonham e abraçam o dever de matar a vítima da violência sexual. Assim, um missionário cristão identificado pelo nome fictício de George relatou que esse tipo de ação é considerada comum e as autoridades costumam deixar os assassinos saírem impunes.
“Ela é morta duas vezes, uma vez por [ser vítima de] estupro e outra por sua família. Depois que ela é morta, a única coisa que a polícia pode fazer é manter o marido, pai ou irmão preso por 24 horas, apenas para provar que é um crime de honra; só isso”, explicou o missionário.
No ápice da expansão territorial do Estado Islâmico, em 2014, quando os terroristas ainda pretendiam formar um califado, a invasão do norte do Iraque veio acompanhada do sequestro de milhares de mulheres das minorias cristãs e yazidi, para faze-las escravas sexuais de seus soldados.
De acordo com informações do God Reports, quando a ação dos Estados Unidos, Inglaterra e França obrigou o desmantelamento da estrutura do Estado Islâmico, muitas dessas mulheres conseguiram fugir de seus cativeiros. No entanto, essa liberdade não era sinônimo de alegria: “Elas não podiam voltar para casa porque seriam mortas. Elas foram colocadas em um campo, porque, se fossem para casa, seriam mortas”, contou.
Visão de Jesus
O missionário George contou, então, que foi procurado por um homem da etnia yazidi relatando que teve uma visão de Jesus Cristo enquanto dormia, e o reconheceu porque Ele mostrou suas mãos furadas.
Na conversa, ele contou a George que tinha cinco filhos, dois homens e três mulheres, e todas elas haviam sido sequestradas pelo Estado Islâmico. O primogênito foi morto aos 22 anos pelos extremistas muçulmanos durante a invasão à região e o outro estava desaparecido.
No sonho, Jesus disse a ele: “Você não precisa matar suas filhas ou alguém. Eu paguei por todos, então vá buscar suas filhas”.
“O homem acordou e pensou que isso não poderia ser real. Ele voltou a dormir e teve exatamente o mesmo sonho”, descreveu o missionário, acrescentando que o yazidi, incrédulo, voltou a dormir e teve o mesmo sonho pela terceira vez.
Na conversa com o missionário, ele disse acreditar que teve um sonho para cada filha que tinha sido sequestrada. No dia seguinte à visão, ele reuniu os anciãos de seu vilarejo e contou o que aconteceu: “Jesus apareceu na minha tenda. Vou pegar minhas garotas e ninguém vai tocá-las”, alertou.
O homem resgatou as filhas no campo onde elas se abrigavam e convenceu outros pais de família da etnia yazidi a fazerem o mesmo com suas filhas. “Seis semanas depois, o acampamento fechou e todas as 280 meninas voltaram para suas famílias. É isso que o Evangelho faz”, testemunhou o missionário George.