De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada em novembro de 2016 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil ainda possui cerca de 12,9 milhões de pessoas que ainda não sabem ler e escrever. Entre elas estava dona Normália de Souza dos Santos, de 71 anos.
Criada em uma família humilde em Contendas do Sincorá, no interior da Bahia, aos sete anos ela já precisou trabalhar na roça para ajudar em casa, algo comum entre às milhares de pessoas que ainda não são alfabetizadas.
Morando atualmente em Curitiba, Normália seguiu a sua vida e teve sete filhos. Todavia, algo lhe incomodava. Ela ia para a igreja, mas por não saber ler, tinha dificuldade de compreender melhor o conteúdo das mensagens. No dia-a-dia ela também teve dificuldades, por exemplo, perdendo ônibus por não conseguir identificá-los a tempo.
Incentivada pelos filhos, dona Normália decidiu entrar no programa de Educação para Jovens e Adultos (EJA), voltado para pessoas que por várias circunstâncias não realizaram ou completaram os estudos, na Escola Municipal Bela Vista da Paraíso, no bairro Santa Cândida, mesmo local onde seus filhos se formaram.
Sua história veio à tona durante uma atividade de classe, quando ela precisou escrever a sua biografia. A escola se comoveu com o seu testemunho de vida e dona Normália virou notícia no portal G1.
Empolgada com o aprendizado, ela conta que começou a “enxergar com os olhos da carne, antes eu via apenas com os olhos da fé”.
“Quem não sabe ler tem olhos, mas não enxerga”, disse ela. Agora eu não perco mais o ônibus nenhum por não saber ler”, explica, comemorando o fato de agora poder ler e compreender a Bíblia: “Hoje eu consigo, leio e entendo os versículos e isso é maravilhoso”.