A Polícia Civil (PC) prendeu em flagrante na tarde de ontem o pastor evangélico Elias Pereira, 45, e o diácono Geraldo Alves de Carvalho, 42, ambos da Igreja Assembleia de Deus, por participarem do golpe da pirâmide. De acordo com o delegado Waldir Soares, titular do 22º DP, além dos dois homens, há outros líderes evangélicos e pessoas da alta sociedade goiana envolvidos no golpe, que está sendo aplicado em Goiânia há mais ou menos quatro meses. O esquema, segundo a polícia, chegou ao Brasil há um ano e sua primeira ramificação foi no Estado de São Paulo, se estendendo posteriormente para Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. A sede da empresa americana denominada Elite Resurrected, está instalada na cidade de Utah, no Texas (EUA). A Polícia Civil deverá acionar a Polícia Federal e a Interpol.
De acordo com a polícia, os participantes poderiam ganhar até R$ 580 mil no golpe. Para entrar no jogo, cada pessoa deveria pagar uma taxa de R$ 200 e indicar outras duas pessoas, que também teriam de indicar outros dois participantes, e assim, sucessivamente, até formar grupos de oito ou de 14 pessoas. O valor inicial era multiplicado por oito e garantia uma renda de R$ 1.600 ao líder do grupo no momento do fechamento do mesmo. Cada pessoa poderia se tornar líder de vários grupos e receber o valor multiplicado por oito de todos eles, até chegar ao topo da pirâmide. Além da contribuição inicial, os participantes pagavam obrigatoriamente, todos os meses, uma mensalidade no valor de 16 dólares, este valor só poderia ser realizado através de cartões de crédito.
Para a polícia, o jogo foi direcionado a evangélicos pela facilidade de manipulação e poder de persuasão por parte dos líderes religiosos, que realizavam reuniões após os cultos apresentando a fraude como uma forma de ajuda mútua. “… nosso objetivo é dar a um milhão de pessoas uma experiência direta com a abundância através desta atividade”, diz um trecho do texto de apresentação da empresa no site: www.eliteactivity.tv . “As investigações apontam que a igreja Luz para os Povos tenha iniciado o esquema em Goiânia”, disse Soares, que garante a participação também das igrejas: Nas Asas do Altíssimo, Rocha Viva e Igreja de Cristo. “nos disseram na reunião que a corrente nasceu na Luz para os Povos”, afirmou Geraldo.
Para chamar a atenção das pessoas, os líderes evangélicos apresentavam a proposta seguida do capítulo seis, versículo 38 do livro de Lucas que diz: Dai, e dar-se-vos-á; generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também. Para o delegado, estes líderes evangélicos usam a Bíblia para enganar. “Todos os participantes assinavam uma declaração que informava o valor como doação de caridade, não como multiplicação”, ressaltou Soares, que diz ter iniciado as investigações através de denúncias de pessoas simples e humildes da base do jogo que não estavam recebendo o combinado. “Apenas os líderes estavam recebendo, os ‘doadores’ da base, começaram a ser lesados. É outra Avestruz Master”, comparou.
Ainda segundo o delegado que investiga o caso, há duas semanas, outras seis pessoas estão sendo procuradas pela polícia, suspeitos de liderar o esquema em Goiânia. Entre eles, Weder Rodrigues Cordeiro, e outros dois pastores da igreja Luz para os Povos, apontados pelo pastor Elias como líderes. “Eu fui procurado pelo Weder que fez uma palestra na minha casa para os irmãos da igreja e em um mês eu recebi do sistema R$ 4 mil, deste R$ 1.500 foi doado ao sistema e eu fiquei com R$ 2.500”, contou Elias, que convidou o diácono Geraldo para participar de seu grupo. Geraldo convidou outras pessoas e em apenas uma semana recebeu R$ 1.400. Os acusados foram presos em flagrante e responderão por crime de formação de quadrilha, estelionato e crime contra o sistema financeiro.