O arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, um dos cardeais católicos que participaram do concílio que elegeu o papa Francisco, afirmou que a Igreja Católica estava “acomodada” e o crescimento dos evangélicos serviu de alerta.
O Censo 2010 do IBGE apontou que em uma década, os evangélicos cresceram 61,45%, somando 42,3 milhões de fiéis. No mesmo período, a Igreja Católica diminuiu 1,3%, saindo de 124,9 milhões para 123,3 milhões de católicos.
“Talvez nós tenhamos nos acomodado e pode ser que o crescimento do movimento neopentecostal tenha nos feito acordar, nos despertar para a nossa verdadeira missão”, afirmou.
Segundo Damasceno, a eleição do novo papa tem feito não só os católicos brasileiros se aproximarem da Igreja novamente, mas também os fiéis de todo mundo: “Gerou muita esperança na Igreja Católica, uma expectativa muito positiva. Mas é muito difícil quantificar essa mudança no aumento do número de fiéis. O que a gente percebe ouvindo e vendo é que há uma expectativa positiva, alegre e esperançosa para o seu pontificado […] E isso tem sido comprovado com o aumento de romeiros e visitantes em Roma. O número de peregrinos está aumentando cada vez mais, sobretudo nas audiências públicas de quarta-feira e no Angelus, no domingo. Estão falando em cerca de 200 mil pessoas por semana”, afirmou.
Segundo Damasceno, o “despertar” da Igreja Católica não é uma revanche contra as igrejas evangélicas, e sim, o cumprimento de uma missão: “A igreja existe para evangelizar. O que significa que a igreja deve cuidar daqueles que a frequentam, que participam da vida das nossas comunidades, mas que também precisa sair ao encontro dos que estão distantes […] Não é uma resposta aos evangélicos. Fazemos isso por questão de missão, de objetivo, de finalidade. Muitas vezes nós nos acomodamos e precisamos sair desse comodismo. Isso está muito claro na visão do papa Francisco”, resumiu.
Porém, o jornalista e pesquisador Johnny Bernardo, colunista deste portal, entende que as recentes atitudes da Igreja Católica mostram sim, uma preocupação com o crescimento do segmento evangélico.
“Na verdade, a escolha de Francisco como sucessor de Bento XVI, teve como base o fato de que o referido possui um histórico de diálogo com grupos protestantes da América Latina e, também, pela proximidade com o Brasil, país este recentemente intitulado pelo New York Times como ‘um laboratório para reverter o declínio do catolicismo’”, disse em entrevista ao Christian Post.
O anúncio do Vaticano de que Francisco canonizará os papas João Paulo II e João XXIII visa uma reação ao declínio da denominação, pois eleva os pontífices ao status de santos, o que na liturgia católica é o topo.
Johnny diz que tanto a canonização dos papas quanto a eleição de Francisco visam “fortalecer a estratégia romana de absorção do protestantismo brasileiro e mundial por meio do ecumenismo”.
Para o pesquisador, “são os evangélicos latino-americanos e ortodoxos os principais alvos da manobra da Santa Sé, iniciada com a escolha do cardeal e jesuíta, Jorge Mario Bergoglio”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+