A comparação de Adolf Hitler a Jesus Cristo custou a um sacerdote cristão sua destituição da função. O caso repercutiu mundialmente, já que o líder nazista foi responsável, dentre outros crimes, pelo holocausto que ceifou a vida de seis milhões de judeus.
O conselho de administração da Igreja da Suécia decidiu destituir um de seus padres que “expressou-se, direta e indiretamente, de forma antissemita e islamofóbica” e “fez declarações teológicas profundamente problemáticas”.
De acordo com o jornal Kyrkans Tidning, ligado à denominação, o conselho da Igreja também considerou que os limites da liberdade de expressão e sacerdócio tinham sido ultrapassados pelo padre com sua fala polêmica.
Embora as declarações tenham sido incompatíveis com o posto que ocupava, o ex-padre afirmou que agiu como um “verdadeiro sacerdote”, “verdadeiro cristão” e “verdadeiro nacional-socialista”, acusando, em seguida, a Igreja da Suécia de traição contra o “verdadeiro Deus”.
O ex-padre, que teve sua identidade preservada, é membro do Movimento de Resistência Nórdica (NMR), que defende a autossuficiência dos povos nórdicos, a saída da Suécia da União Europeia e a deportação em massa de imigrantes não brancos, o que inclui árabes, asiáticos, negros e miscigenados.
“A razão [para a exoneração] é que o homem se expressou de uma forma racista e nazista que prejudica a reputação da igreja”, explicou Johan Munck, presidente da Câmara de Recurso da Igreja da Suécia, que é a mais alta instância no caso.
O homem deposto da posição sacerdotal não negou suas declarações, mas alegou que estava protegido pela liberdade de expressão, e por isso, não considerava justa sua exoneração. “O que a Igreja da Suécia está agora fazendo no seu zelo pode ter consequências. O que virá a seguir? […] É triste que vocês os democratas gritem o mais alto possível sobre a liberdade de opinião, mas apliquem-na o menos possível”, argumentou o ex-padre.
Ao todo, a Igreja da Suécia – de orientação teológica luterana, sendo a maior da Europa nessa tradição – possui mais de cinco milhões de membros e é conhecida por sua posição liberal em questões como a homossexualidade e a imigração em massa, além de ser a maior organização religiosa da Suécia.
No entanto, essas posições flexíveis não tem resultado em um aumento do envolvimento dos suecos com a igreja: ao longo dos anos, o número de membros tem diminuído rapidamente. No último levantamento, realizado em 2018, 57% da população sueca eram membros da Igreja da Suécia, contra 95% em 1972.