O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – do Ministério Público de São Paulo – pediu à Justiça a quebra dos sigilos fiscal e bancário de todas as empresas e pessoas ligadas ao grupo Universal citadas em uma investigação da Receita estadual paulista.
Entre os citados na investigação estão dez réus por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha em processo na Justiça de São Paulo. Eles são acusados de desviar dinheiro de doações de fiéis da Igreja Universal para fins particulares e comerciais.
A quebra de sigilo foi pedida por conta porque os fiscais da Receita estadual descobriram que empresas estavam usando indevidamente o dinheiro dos fiéis.
A equipe de fiscais da Secretaria da Fazenda de São Paulo traçou uma radiografia das empresas ligadas à Igreja Universal. Negócios de fachada apontados como parte do esquema de lavagem de dinheiro denunciado pelos promotores do Gaeco.
Os analistas chegaram a 36 empresas relacionadas direta ou indiretamente à Igreja. E a investigação se concentrou nas que estão registradas em um mesmo prédio na região central de São Paulo.
Segundo a Fazenda estadual, são cinco empresas: Life Empresarial Saúde, Uni Participações, Unitemple Universal, Cremo e Unimetro Empreendimentos.
Só para a Unimetro, a Igreja Universal transferiu mais de R$ 19 milhões em menos de dois anos, apontam os dados oficias. Mas onde fica a Unimetro?
“A Unimetro não é aqui”, diz um funcionário do prédio, que acrescenta que a empresa nunca existiu no endereço na região central de São Paulo.
Entre as empresas registradas no prédio, a Cremo foi a que mais recebeu depósitos: R$ 52 milhões repassados pela Universal. Dinheiro de fiéis que teria sido desviado para o patrimônio pessoal de pessoas ligadas à Universal.
No relatório os auditores afirmam ““cabe-nos questionar a transferência de recursos para essas empresas, porque há fortes indícios apontando no sentido de pertencerem todas a uma mesma organização”.
A Cremo não dá declarações. Segundo funcionários do prédio, tem gente trabalhando na empresa, mas não estão autorizados a dar entrevista.
Quanto às outras empresas registradas no mesmo prédio, os funcionários informam que não conhecem a Uni Participações.
A reportagem do Jornal Nacional procurou ainda outras três empresas acusadas pela promotoria de participar do esquema de desvio de doações de fiéis e não encontrou nenhuma delas nos endereços levantados pela fiscalização.
Movimentação financeira
Os auditores também relacionaram 44 pessoas físicas que foram acionistas ou já dirigiram empresas ligadas à Universal. A maioria dessas pessoas não apresenta movimentação financeira compatível com a renda declarada. A lista de nomes por trás das empresas inclui os dez réus no processo criminal aberto em São Paulo para apurar lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
“Algumas pessoas passeiam pelo quadro societário de diversas empresas do grupo há décadas”, diz o relatório dos fiscais da Fazenda estadual. “Não é justificável que se descarte a hipótese de que algumas dessas empresas tenham existência simulada e sejam utilizadas para dissimular atos irregulares”.
Os promotores esperam a quebra dos sigilos bancário e fiscal de todas as pessoas e empresas ligadas à Universal – o que ajudaria a rastrear, em detalhes, o destino do dinheiro dos fiéis.
Fonte: G1 / Gospel+