Transtornos mentais e de comportamento algumas vezes são confundidos com problemas de ordem espiritual, e não por acaso isso acaba gerando inconveniências. Foi o que aconteceu, por exemplo, com uma mulher que resolveu doar R$30 mil à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), acreditando que seria curada de uma doença mental.
A mulher, que não teve o nome identificado, acreditou que estava com problemas espirituais, e que por isso seria curada, ficando livre da enfermidade. Ela, então, decidiu parar o tratamento que estava fazendo, doando parte dos seus recursos para a IURD.
A doação foi feita em agosto de 2017, e a mulher já havia sido hospitalizada duas vezes por causa da doença mental, diagnosticada como transtorno afetivo bipolar. A Justiça de São Paulo, por sua vez, entendeu que a fiel foi induzida a fazer a doação, e por isso determinou a devolução do valor.
Em outras palavras, que os líderes religiosos teriam se aproveitado de uma condição de vulnerabilidade psicológica para conseguir extrair da fiel a sua doação. “É sabido o poder da oratória dos pastores”, afirmou à Justiça a advogada Tula dos Reis Laurindo, segundo o UOL.
“A interditada, acreditando poder ser curada, não somente deixou de tomar os medicamentos para controle de sua doença mental grave, mas também acabou sendo induzida a praticar a doação”, declarou no processo.
Decisão pessoal
A Universal do Reino de Deus, por outro lado, negou que tivesse praticado qualquer ilegalidade. Em nota, a denominação argumentou que não há como comprovar que a mulher estava incapacitada de entender o teor da doação.
Isto é, para a IURD, a doação foi voluntária, sendo fruto de uma decisão pessoal da fiel. “Vale ressaltar que a segunda internação ocorreu há mais de 45 dias da data da suposta doação, e mais de cinco anos após a primeira internação”, diz o processo.