As igrejas evangélicas da Califórnia estão em guerra com o governador do estado, Gavin Newsom, do Partido Democrata, após ele decidir proibir os fiéis de cantarem durante os cultos. Três igrejas foram além e decidiram processar o mandatário.
A polêmica se arrasta desde 13 de julho, quando Gavin Newsom publicou um decreto limitando a atuação de igrejas em pelo menos 30 cidades, embora permitisse o funcionamento de academias, hotéis e shopping centers.
Um dos argumentos das igrejas Calvary Chapel Ukiah, Calvary Chapel Fort Bragg e River of Life Church, todas localizadas em Oroville, é que “cantar, no entanto, só é proibido em locais de culto”. A ação tem 20 páginas e foi registrada no tribunal do distrito federal pelo Centro Americano de Direito e Justiça (ACLJ) e dois outros escritórios de advocacia.
De acordo com informações do portal Evangelico Digital, o diretor executivo do ACLJ, Jordan Sekulow, argumentou que “proibir cantar nas igrejas da Califórnia é um abuso inconstitucional de poder”.
O decreto do governador que proibiu o louvor durante os cultos traz como justificativa o conceito de risco de transmissão do novo coronavírus: “Atividades como cantar músicas e coros impedem a redução de risco alcançada através do distanciamento social de um metro e oitenta”.
“Os locais de culto devem, portanto, interromper as atividades de canto ou coro quando dentro de um edifício e limitar o comparecimento a 25% da capacidade do edifício ou a uma capacidade máxima de 100 participantes, conforme a opção disponível”, acrescenta o decreto.
Autoritarismo
Para os líderes cristãos que encabeçam a ação contra o governo da Califórnia, essa é uma regra “específica e discriminatória” que “tem como alvo as igrejas”, e lembram que no começo de julho, quando regras restritivas foram implementadas pelo governador, que orientava as pessoas a evitarem aglomerações, o próprio Gavin Newsom recusou impor as mesmas medidas aos manifestantes do movimento Black Lives Matter, alegando que a “liberdade de expressão” está prevista na Constituição.
Citando versículos do Livro dos Salmos e do livro de Efésios no Novo Testamento, que fala de “salmos, hinos e cânticos espirituais”, as igrejas acrescentam a exigência de que o canto congregacional seja entendido pela Justiça como um elemento chave do culto: “Cantar e orar em voz alta como o corpo de Cristo são parte integrante do louvor aos crentes. Proibir cantar em grupo é efetivamente banir louvores cristãos coletivos”.
Terry Barone, líder da equipe de comunicações da Convenção Batista do Sul da Califórnia (CSBC), disse que muitas igrejas da denominação decidiram suspender novamente os cultos presenciais, retomando as celebrações online.
Por outro lado, Barone crê que entre as igrejas que decidiram manter os cultos presenciais há aquelas que deverão desafiar a proibição e cantar: “Os batistas são um grupo independente. A maioria das igrejas vai decidir que convicção eles têm, se vão cantar ou não e como vão fazê-lo. Esse será o padrão para a maioria de nossas igrejas em todo o país. Será baseado em uma convicção bíblica do que eles estão fazendo”, explicou.
O representante da CSBC admitiu que o momento de louvor pode representar um aumento no risco de transmissão do novo coronavírus, mas que a percepção maior é que as igrejas foram tratadas de maneira diferente de outros estabelecimentos: “Parece haver uma disparidade em pedir a um grupo da população, particularmente igrejas, que não faça certas coisas quando o mesmo não se aplica a outras partes da população civil”, afirmou.