Apesar da consternação nacional pela tragédia em Santa Maria, RS, alguns evangélicos usaram as redes sociais para manifestar sentimentos destoantes da maioria.
Num contraste às mensagens de apoio que diversos líderes cristãos enviaram aos familiares das vítimas, essas manifestações foram baseadas em insensibilidade, em sua maioria.
A principal associação feita pelos internautas, nesse caso, era ao diabo. As mensagens traziam referências a uma ação demoníaca que resultou no acidente dentro da boate.
Mensagens como “Pelo menos eu não corro o risco de morrer queimado em boate… Só os filhos do diabo!”, publicada por um usuário, foram comuns durante o dia de ontem.
“Esse é mais um caso que me lembra Sodoma e Gomorra. Tenda da iniquidade (boate de Santa Maria)”, publicou outro internauta. A mesma linha de comentário foi seguida por uma usuária do Twitter: “Eu realmente acho que esse negócio na boate foi criminal, e que era o diabo em cada pessoa daquela banda”.
O modo como a tragédia foi vista por esses internautas aparenta um distanciamento do sentimento de amor ao próximo: “Não tenho pena desse povo que morreu na boate. Não tenho mesmo”, escreveu um tuiteiro.
O Tumblr “Deus Perdoa” publicou um print screen de uma conversa no Twitter, onde um usuário afirma que espera que a tragédia “sirva de lição” para os frequentadores de boate: “Quero ver quem vai pras baladas curtir e ficar se mostrando”.
Um suposto vizinho da boate Kiss teria testemunhado o socorro às vítimas e fez coro ao discurso desprovido de compaixão: “O diabo juntou todos e fez sua colheita, eu presenciei tudo pois a boate é ao lado do meu apartamento”, escreveu.
Num artigo publicado no site Meio Bit, o colunista Marcel Dias afirmou que as redes sociais não são utilizadas de forma proveitosa pela maioria das pessoas.
“As reações em redes sociais foram bem previsíveis. Pessoas indignadas, pessoas reclamando das pessoas indignadas alegando que elas não tem ligação com as vítimas e, portanto, não poderiam sentir pelo ocorrido. Pessoas fazendo piadas de gosto duvidoso. Pessoas se ofendendo com as piadas. Religiosos dizendo que foi punição de Deus para com os ‘pecadores’ que estavam se divertindo ao invés de buscar Jesus. Enfim, um monte de lixo e ruído em uma situação onde o mais importante era passar informações sobre o ocorrido e sobre como ajudar da melhor forma”, observou.
Porém, as manifestações públicas de líderes evangélicos pedindo orações e demonstrando a consternação com a tragédia, demonstram que o comportamento não é unânime no meio.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+