O deputado federal e ativista gay Jean Wyllys concedeu uma entrevista à revista Playboy e afirmou que em seu relacionamento com Deus “a homossexualidade não é errada”.
De acordo com o ex-BBB, o Deus pregado por cristãos e judeus é uma ideia forjada com ingredientes machistas.
“Deus é presente na minha vida. A minha concepção de Deus não é esse Deus masculino, forjado pelo judaico-cristianismo no nosso imaginário. Deus para mim são os mistérios. Deus para mim é aquilo que a razão humana não explica. Deus para mim é um princípio, uma energia feminina, masculina. Uma energia inspiradora, criadora. A energia das artes, da inspiração artística. A energia do transe, do êxtase. Isso para mim é Deus. E na relação com esse Deus, a minha homossexualidade não é julgada, não é condenada, não é dita como errada”, argumentou.
Criado na tradição católica, Jean Wyllys afirma que o Deus em quem ele crê “de certa forma, é o mesmo” pregado na tradição judaico cristã, e explica sua forma de vê-lo a partir daquilo que ele mesmo interpreta do ministério de Jesus.
“Acho que Jesus, aquele que é considerado Cristo, o revolucionário palestino, acreditava em um Deus que era judaico. O Deus da Judeia. Mas Jesus já tinha sacado essa compreensão quando ele falava do Deus amor. Era um homem que não podia fugir dos limites da sua ética, e os profetas da religião dele, que era o judaísmo, representavam esse Deus com uma face masculina bélica. Ele não podia fugir disso, mas já compreendia que Deus tinha um outro sentido quando ampliava a ideia do amor e do perdão. Esse Deus que ele pregava já não era aquele Deus vingativo. Já não era o Deus que conduziu Josué na batalha de Jericó, que mandou passar no fio da espada os inimigos. Esse Deus já era um Deus do amor. Um Deus do perdão”, disse o deputado.
Política
Questionado sobre os atritos com os parlamentares Jair Bolsonaro (PP-RJ), Marco Feliciano (PSC-SP) e João Campos (PSDB-GO), seus maiores adversários na Câmara dos Deputados, Jean Wyllys deu a entender que não se esforça para chegar a um consenso com eles nos temas sobre os quais divergem.
“Tenho adversários que respeito e tenho inimigos políticos. Uns são adversários políticos. Os inimigos são aqueles que são paredes, que você não atravessa e com as quais não dialoga. Pois ao divergir de alguém e ser uma porta, há a possibilidade de uma abertura, mas há sujeitos que nem têm essa possibilidade de abertura. Esses são paredes e esses são inimigos. E com esses aí não tem diálogo. Eu não diria que o João Campos é uma parede. O Jair Bolsonaro eu considero uma parede e o Marco Feliciano eu nem tenho opinião sobre ele (Risos)”, disse Wyllys.
O ativista gay afirmou ainda que não há possibilidade de mudança nesse cenário: “Eu encontro com eles o tempo todo [nos corredores da Câmara], mas não converso. Eu não converso com um cara desses […] Não tem conversa com quem cria um sistema de difamação na internet contra mim. Mas essas duas pessoas são exceções nas minhas relações e exceção inclusive no próprio parlamento. Não acho que eu deva dar muita importância”.
Confira a íntegra da entrevista neste link.