Jimmy Carter, 93 anos, foi por muitos anos professor de Escola Bíblica Dominical na Igreja Batista e também o 39º presidente dos Estados Unidos, entre 1977 a 1981. Em entrevista recente, afirmou que Jesus jamais aprovaria o aborto, mas não se oporia à união entre pessoas do mesmo sexo.
Com carreira política construída no Partido Democrata – que acolhe as correntes liberais e de esquerda nos Estados Unidos -, Carter afirmou que, a seu ver, “Jesus incentivaria qualquer caso de amor se fosse honesto e sincero e não prejudicasse ninguém”, e acrescentou: “Não vejo que o casamento gay cause danos a ninguém”.
A declaração foi dada ao portal progressista Huffington Post, enquanto falava sobre o lançamento de seu novo livro, A Full Life: Reflections at Ninety (“Uma vida completa: reflexões aos noventa”, em tradução livre).
Embora tenha declarado que Jesus reprovaria a prática de interrupção de gravidez, Carter expôs seu pensamento progressista sobre a questão, afirmando que se estivesse atuando na política, lutaria para ser “pró-escolha”.
“Eu tenho dificuldade em acreditar que Jesus aprovaria o aborto, a menos que fosse por estupro ou incesto ou se a vida da mãe estivesse em perigo. Meu juramento era obedecer à Constituição e às leis deste país como interpretadas como a Suprema Corte, então eu concordei com isso”, afirmou, fazendo referência à decisão do colegiado em 1973, no caso Roe vs Wade, que liberou a prática do aborto no país.
Mudanças
No dia 03 de julho, o presidente Donald Trump indicou o juiz de apelação federal Brett Kavanaugh para a Suprema Corte dos EUA, substituindo o antigo ministro Anthony Kennedy, que no passado foi um voto decisivo a favor do direito ao aborto.
A mudança na Suprema Corte causada pela aposentadoria de Kennedy causou especulações de que a questão do aborto seja revista nos Estados Unidos, limitando os casos em que a prática é permitida. Todo suspense se sustenta no fato de que, embora Kavanaugh nunca tenha revelado publicamente sua posição sobre o assunto, recentemente ele votou contra o acesso de uma adolescente à interrupção da gravidez enquanto estava sob custódia.