Os jogos de azar são proibidos no Brasil atualmente, e o governo do presidente Jair Bolsonaro estaria estudando liberar a atuação de cassinos no país caso consiga convencer a bancada evangélica.
Parlamentares do bloco político no Congresso Nacional conhecido como “centrão” estão pressionando Bolsonaro a permitir a abertura de cassinos no Brasil. O presidente foi consultado para saber se apoiaria um projeto de lei com esse propósito, e a resposta do mandatário teria sido evasiva, apontando que antes seria necessário consultar a bancada evangélica.
A ampla maioria de deputados e senadores evangélicos é contrária à liberação, mas estaria disposta a dialogar sobre alternativas, Um dos articuladores para esse tipo de solução é o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), que propõe a autorização dos jogos de azar apenas para estrangeiros que venham ao Brasil a turismo.
De acordo com o jornalista Ancelmo Góis, d’O Globo, “Crivella foi convidado para discutir a aprovação dos jogos de azar no Brasil, durante audiência pública que a Comissão de Legislação Participativa faz, dia 3, em Brasília, na Câmara dos Deputados”. O bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus é visto pelo lobby dos cassinos como uma ponte de diálogo com a bancada evangélica.
Bolsonaro teria dito aos interlocutores que todas as propostas em trâmite no Congresso podem ser “conversadas”, desde que os evangélicos deem o aval. Entretanto, o presidente já deixou claro que é contra os caças-níqueis, já que esse tipo de máquina tem como alvo os “pais de família”, assalariados, que podem acabar perdendo todo o salário no jogo.
“Mesmo sendo contrário aos jogos, o presidente já deu sinais de que há a possibilidade de deixar cada estado decidir o assunto por conta própria. A ideia foi discutida durante almoço entre Bolsonaro, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e vários deputados […] Bolsonaro fez o convite para a reunião, no Palácio do Planalto, com o objetivo de se reaproximar dos deputados, que ali reclamaram, mais uma vez, do atraso no pagamento das emendas parlamentares. Mas o bate papo foi além e chegou aos jogos de azar”, resumiu o Estadão Conteúdo.
O pastor Silas Câmara (Republicanos-AM), presidente da bancada evangélica, afirmou que o grupo formado por 195 deputados (de um total de 513 na Câmara) é contrário aos jogos de azar e liberação de cassinos – mesmo que apenas em resorts, como propõe Rodrigo Maia (DEM-RJ) – mas afirmou que os parlamentares estão dispostos a ouvir os argumentos e debater.
“A bancada ouviria, dependendo de quem vier com a explicação”, afirmou Câmara, citando o exemplo do prefeito Marcelo Crivella. “Sendo ele um evangélico, não seria difícil ouvi-lo. A gente dialoga. Agora, dialogar e trazer uma proposta que não seja correta é complicado”, ponderou.