A recente polêmica envolvendo a lei de imigração dos Estados Unidos motivou um grupo de parlamentares brasileiros a sair em defesa do presidente Donald Trump, que cumpriu uma legislação existente desde 1996, sancionada pelo democrata Bill Clinton, que ordena a prisão dos imigrantes ilegais que cruzam a fronteira do país.
O grupo de deputados católicos, pastores evangélicos e integrantes da chamada “bancada da bala” – apelido dado aos deputados que defendem o direito à autodefesa e o fim do Estatuto do Desarmamento – foi apelidado pelo jornal Gazeta do Povo de “bancada do Trump”.
O apelido surgiu depois que os parlamentares impediram a aprovação de uma moção de repúdio a Donald Trump proposta pelo PSOL na Câmara dos Deputados. Os opositores do discurso dos partidos de esquerda que apoiavam a iniciativa do PSOL é que não há a mesma disposição crítica quando se trata do ditador venezuelano Nicolás Maduro.
Um dos deputados que se opôs à “moção de repúdio” proposta pelo PSOL foi o pastor Marco Feliciano (PODE-SP), que se disse um “entusiasta” dos feitos de Trump até o momento. O líder evangélico afirmou que o presidente norte-americano “apenas cumpriu a lei”.
“As pessoas que estão sendo separadas não são só imigrantes; são imigrantes ilegais, presos instantaneamente. Não existe nos Estados Unidos uma lei que diga que a criança pode ficar presa junto com o pai e a mãe no mesmo lugar. Então, aqui está a mentira que a esquerda diz. A esquerda dissimula e estimula a mentira”, disse Feliciano.
Outro evangélico que saiu em defesa da postura firme de Donald Trump foi o deputado Arolde de Oliveira (PSD-RJ). O parlamentar fluminense disse que a esquerda não aceita o “sucesso” do mandatário: “Esse debate é um absurdo. É claro que toda a esquerda do mundo inteiro não aceita o sucesso do presidente dos Estados Unidos e fica apelando para os direitos humanos”, afirmou.
“Essa é uma lei antiga (de separar filhos dos pais presos). É do tempo do Clinton e foi aplicada pelo Obama, pelos democratas de lá, que são parceiros da esquerda daqui. No entanto, eles não falam isso”, acrescentou Arolde de Oliveira, que também deu destaque ao anúncio de Trump que iria revogar a lei.
O deputado Major Olimpio (PSL-SP) pontuou que a separação entre pais e filhos flagrados em imigração ilegal aconteceu porque não há como manter as crianças presas junto com os adultos: “Não vamos fazer disso um braço-de-ferro aqui. Com toda a sensibilidade humana, peço licença: vamos cuidar do nosso quintal neste momento, que este já está muito sujo e precisa ser cuidado”, sugeriu o deputado.
Outro líder evangélico a se posicionar foi o deputado Ezequiel Teixeira (PODE-RJ), que fez uma provocação à esquerda brasileira: “Gostaríamos de incluir nessa moção de repúdio, o Maduro também. Eles se esqueceram de colocar o Maduro. O Maduro oprime não só crianças, mas também adolescentes, jovens e pessoas de terceira idade. Na realidade, é um absurdo! Este é o nosso protesto: inclua também nessa moção o Maduro, que a esquerda nunca inclui”, sugeriu.
A postura dos parlamentares conservadores brasileiros causou espanto aos integrantes dos partidos de esquerda: “O orador que me antecedeu (Marco Feliciano) fez um discurso, para mim, surpreendente. Um elogio a Donald Trump. No mundo inteiro, todos fazem chacota de uma liderança que não honra o que existe de tradição democrática nos Estados Unidos”, afirmou Orlando Silva (PCdoB-SP).
“Gostaria que ele me explicasse como pode ser tão cruel Donald Trump, que separa crianças dos seus pais, refugiados em uma situação-limite. É muita crueldade”, acrescentou o deputado comunista, que omitiu a origem da lei no mandato de Clinton, um dos esquerdistas mais elogiados pelo movimento progressista, assim como Barack Obama, que também aplicou a lei durante seus dois mandatos.