A febre do MMA (Artes Marciais Mistas, em português) no Brasil, que em boa parte se deve aos atletas que ficaram conhecidos através do UFC (Ultimate Fighting Championship) tem proporcionado a atletas cristãos uma visibilidade que não tinham anteriormente.
Existem atletas cristãos nessa modalidade, que é tida como profissão por todos eles. Entre os atletas cristãos, existem brasileiros e de outras nacionalidades. Porém, a mistura religião x MMA tem causado estranheza em algumas pessoas, devido à suposta “violência” do esporte.
O jornalista João Carlos Assumpção escreveu artigo para o jornal “O Lance!” em que ele questiona a relação entre fé e esporte. “Agora, além dos campos de futebol, virou moda também no octógono os brasileiros festejarem suas vitórias louvando Cristo e atribuindo a ele os murros, cotoveladas, pancadas na cabeça e todo o sangue que tiram de seus adversários”, escreve Assumpção.
Mencionando Kaká, o mais conhecido jogador cristão de futebol , o jornalista cita uma polêmica entre o atleta e o comentarista Juca Kfouri, contrário às manifestações de fé no esporte. Ele lembra que ambos “divergiam sobre o marketing religioso que tanto Kaká como outros jogadores da Seleção costumam fazer, provocando até reação da Fifa por conta dos excessos na comemoração da Copa das Confederações que os brasileiros venceram em 2009”, lembrando que o jogador era membro da Igreja Renascer em Cristo. “Pelo que me consta, [Kaká] acabou abandonando depois, o que não quer dizer que tenha deixado de ter fé em Cristo”, frisa o jornalista.
Em sua reflexão, Assumpção lembra que a liberdade religiosa é direito previsto em lei, e levanta dúvidas a respeito da importância da religião para o desempenho esportivo de um atleta: “Somos um país laico e a crença religiosa é um direito de todo cidadão que deve ser respeitado. Mas há algumas coisas que não entendo. O sujeito quebra o maxilar do rival, arrasa seu rosto, abre a testa, tira sangue da orelha, faz o adversário dormir e sai comemorando e agradecendo Jesus, dizendo que o mérito foi dele. Por ter apagado o outro? Teve o dedo de Cristo aí?”, pergunta.
Para o jornalista, o mérito se deve a desempenho e disciplina esportiva, apenas. “Ganha quem treina melhor, aprimora a força física e mental, está num dia mais propício quando sobe ao octógono, desenvolve técnicas de nocaute e finalização, não quem reza mais. Ou quem Cristo quis”, afirma.
Deixando espaço para o debate, João Carlos Assumpção questiona se Jesus não teria coisas mais importantes a fazer além de acompanhar o esporte: “Eu, que sou cheio de dúvidas e tenho poucas certezas na vida, fico indagando aos meus botões se Jesus estaria tão preocupado assim com um jogo de futebol. Com um gol. Com um título. Ou se não teria preocupações maiores, como as enchentes na região serrana do Rio, a fome na África, as guerras, catástrofes e desastres pelo mundo que nem precisamos enumerar”.
Fonte: Gospel+