A morte cerebral declarada pelos médicos de um jovem de 18 anos na última quinta-feira, 29 de setembro, levou uma família a fazer um clamor intenso na porta do hospital, pedindo a Deus pelo milagre da cura.
Renan Grimaldi sofreu um acidente de carro na madrugada de domingo. Ele foi socorrido ao Hospital Getúlio Vargas com múltiplos traumas e passou por uma cirurgia. Na terça-feira, 27 de setembro, às 08h44, os médicos declararam morte encefálica.
“Ele não está morto. Ele está vivo. O coraçãozinho dele ainda está batendo, e os outros órgãos estão bem. Agradeço a Deus pela decisão dos médicos de não desligarem os aparelhos. Estou fazendo tudo o que posso. Vou até o fim. Meu filho vai sair de lá bem”, afirmou, em lágrimas, a mãe de Renan, Vanessa Loureiro da Silva, 32 anos.
A família de Renan é evangélica, e os amigos e familiares descreveram o jovem como um “meninão brincalhão”, apaixonado por carros e motos. Diante dos apelos da família, a direção do hospital decidiu não desligar os aparelhos que mantém os órgãos do jovem em funcionamento.
O pai de Renan, Rodrigo Amorim Grimaldi, que é empresário, disse que a decisão de desligar os aparelhos aconteceu após ele e a mãe protestarem: “Querem desligar os aparelhos e declarar a morte do meu filho, mas os órgãos estão funcionando bem. Não concordamos. Nossa confiança é no Deus que cura. A Bíblia diz que a fé move montanhas”, frisou.
De acordo com informações do jornal O Globo, a direção do hospital disse ainda que, desde o início do processo, a família tem sido acompanhada pela equipe multidisciplinar da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, responsável por atender parentes de pacientes.
O neurologista André Gustavo Lima, membro da Academia Brasileira de Neurologia, explicou que a morte encefálica é diagnosticada após a vítima passar 48 horas sem sedativos e ser submetida a exames neurológicos e complementares: “É retirada a sedação do paciente por 48 horas e observamos os reflexos. Se não acontecerem, são feitas tomografia e ressonância para comprovar a lesão, e abre-se protocolo de morte cerebral, com novos exames complementares e necrológicos e testes dos reflexos do tronco cerebral. Após 24 horas, repetimos esses exames. Só depois podemos confirmar a morte encefálica”.
Segundo Lima, a ciência considera a morte cerebral é irreversível, e o funcionamento de órgãos como coração e pulmão se deve ao uso de medicações e respirador mecânico.