O primeiro dia de provas do ENEM 2019 ocorreu no último domingo, 03 de novembro, e mais uma vez, grupos de jovens voluntários evangélicos atuaram para oferecer orações, abraços e até lanche para os estudantes. E, claro, houve quem tentasse lucrar com a fé das pessoas nessa circunstância.
Em Fortaleza (CE), cinco voluntários foram à Universidade Estadual do Ceará (UECE), para oferecer abraços e orações aos estudantes que foram designados para realizar a prova naquele local.
Segundo Liliana Lima, de 22 anos, uma das integrantes do grupo, a ação é uma forma de acolher, tranquilizar e motivar cada um dos estudantes que aceitassem a iniciativa. “Geralmente quando as pessoas veem os cartazes, elas vêm até a gente e já nos abraçam. É algo meio instantâneo. Pedem oração. É surpreendente, porque a gente não espera essa reação, geralmente as pessoas são mais arredias”, explicou a jovem voluntária, que há três anos atua dessa forma.
Marcos Vinicius, 23 anos, contou à reportagem do G1 que foi motivado por irmãos na fé veteranos nesse tipo de ação: “Muitas pessoas não têm o apoio de ninguém, e eu entendi que alguém orou por mim para que eu estivesse aqui hoje. A gente sabe que orar é um gesto de carinho para quem está precisando”, comentou, referindo-se ao fato de muitos estudantes não contarem com apoio familiar.
A mesma inciativa foi registrada em Macapá (AP), com dez voluntários que ofereceram orações para os estudantes que chegavam no Colégio Amapaense. “Esse é um momento decisivo na vida de muita gente. Alguns jovens começaram a nos pedir oração na igreja, e a gente percebeu que é uma necessidade de muitos deles. Então viemos para as escolas, no dia da prova, para que eles possam se sentir acolhidos, dando essa palavra amiga, uma oração que alivia a tensão do dia”, resumiu a empresária Silvia Letícia Martins, de 28 anos.
Esse grupo, que se mobiliza pelo segundo ano, doou 140 kits a estudantes que foram abordados, com água mineral, caneta preta de material transparente e chocolate.
Comércio
No centro de Manaus (AM), os estudantes que se dirigiram para realizar a prova em uma faculdade particular da capital amazonense se depararam com a venda de itens com apelo religioso: a caneta ungida da irmã Marina.
Recusando-se a conversar com os jornalistas, Marina oferecia suas canetas aos alunos alegando que elas haviam sido imersas em óleo de uma igreja e também tinham “recebido uma oração”, e por isso atrairiam “sorte” para quem comprasse.
De acordo com informações do jornal Extra, ao preço de R$ 1,00, Marina vendeu quase a totalidade do material que levou: tinha apenas 11 ao final do ENEM 2019, de um lote com 300 unidades.
Já em Cuiabá (MT), os jovens Eduardo Henrique de Moraes Costa, Ronaldo Aparecido Francelino Gonçalves e Mariana Lemos Fernandes ofereceram aos alunos que foram fazer o ENEM 2019 um combo de oração, “canetas abençoadas” e sanduíche natural por R$ 10,00.
Evangélicos, os três amigos ficaram em frente ao portão da Escola Estadual Presidente Médici, e ofereciam, também, aos alunos que precisassem apenas da caneta para a prova do ENEM 2019 uma unidade por R$ 2,00. “Essa caneta aqui é abençoada, hein? Se comprar vai tirar nota 1000 nela”, disse um dos jovens vendedores, de acordo com a TV Centro América.