Justin Bieber revelou que escolheu esperar no relacionamento com sua esposa, Hailey. A decisão foi tomada como parte de um amadurecimento em sua jornada cristã, e que isso foi recompensado.
O cantor também voltou a afirmar que a decisão por um hiato na carreira foi tomada como forma de renovar as forças e se dedicar a aprender o básico de ser um bom marido. As declarações foram dadas em uma entrevista conjunta com sua esposa à edição norte-americana da revista Vogue, publicada na última quinta-feira, 07 de fevereiro.
Bieber falou sobre o tempo de celibato e explicou que estava há mais de um ano sem sexo quando se reaproximou de Hailey em junho de 2018, e que permaneceu assim até setembro, mês que se casou com a modelo, filha do ator Stephen Baldwin.
Após se entregar a Jesus, ser batizado nas águas e compartilhar diversas mudanças de pensamento com seus seguidores nas redes sociais, internamente Justin Bieber vivia dilemas, incluindo um problema com vício em sexo. Para lidar com a situação, se propôs o celibato, a fim de se aproximar de Deus.
“Ele não nos pede para não fazer sexo por causa d’Ele, porque Ele quer impor regras e outras coisas. Ele está tentando nos proteger da mágoa e da dor. Eu acho que o sexo pode causar muita dor”, declarou Justin Bieber à revista de celebridades.
“Às vezes as pessoas fazem sexo porque não se sentem bem o suficiente. Porque elas não têm valor próprio. As mulheres fazem isso e os caras também. Eu queria me dedicar a Deus dessa forma porque eu realmente senti que era o melhor para a condição da minha alma. E eu acredito que Deus me abençoou com Hailey como resultado. Existem vantagens. Você é recompensado pelo bom comportamento”, acrescentou.
Tanto tempo sem sexo fez com que as expectativas sobre o casamento – realizado apenas no âmbito civil – ficassem altas, admitiu Bieber, que explicou que essa não foi a única motivação para se casar com Hailey: “Quando eu a vi em junho do ano passado, lembrei o quanto a amava, o quanto sentia falta dela e o impacto positivo que ela causou em minha vida”.
A relação entre os dois não é nova. Eles se conheceram quando eram mais novos através da amizade da mãe do cantor, Pattie Mallette, com o pai da modelo, o ator de Hollywood, Stephen Baldwin. Ambos são evangélicos e cultivavam contato. No entanto, os filhos só se tornaram amigos depois que Hailey passou a frequentar a Hillsong NYC.
“Um dia, Justin entrou na Hillsong e disse: ‘Nossa, você cresceu’. Eu pensei: ‘É, e daí?’. Com o tempo ele se tornou meu melhor amigo. Eu comecei a andar com ele como sua ‘parça’, mas não estávamos saindo”, contou a modelo. Em 2016 eles começaram um namoro, que não terminou bem por conta de uma traição.
Eles só se reencontraram em junho de 2018, durante um congresso da Vous Church em Miami: “O denominador comum, eu juro, é sempre igreja. Até então, passamos pelo drama. Eu apenas dei um abraço nele. No final da conferência, ele disse: ‘Não vamos ser amigos’. Eu pensei: ‘Não?’”, disse Hailey, que um mês depois desse encontro foi pedida em casamento pelo cantor.
No casamento civil, em setembro passado, Justin e Hailey foram acompanhados por um conselheiro matrimonial, indicado pelo pastor Judah Smith, amigo pessoal do cantor. Agora, o casal planeja fazer uma grande festa para celebrar a união, mas reconhecem que “casamento é difícil”.
“Eu quero que as pessoas saibam disso. Estamos vindo de um lugar genuíno, mas somos dois jovens que estão aprendendo enquanto caminhamos. Eu não vou sentar aqui, mentir e dizer que é tudo mágico. Sempre será difícil. É uma escolha. Você não acorda todos os dias dizendo: ‘Estou absolutamente apaixonada e você é perfeito’. Ser casado não é isso”, explicou Hailey.
“Mas de qualquer forma há algo bonito nisso — sobre querer lutar por algo, comprometer-se a construir algo com alguém. Somos muito jovens e esse é um aspecto assustador. Nós vamos mudar muito. Mas estamos comprometidos em crescer juntos e nos apoiar nessas mudanças. É assim que eu olho para isso. No final das contas, ele também é meu melhor amigo”, acrescentou a modelo.
Transformação
Justin Bieber já havia entregue sua vida a Jesus e descido às águas quando iniciou a turnê Purpose (“propósito”, em inglês), ainda sob desconfiança generalizada sobre seu amadurecimento. Ao longo de 15 meses, fez 150 apresentações em 40 países. Repentinamente, o cantor anunciou que estava cancelando o final da turnê para “cuidar da alma”. A decisão rendeu diversas críticas, e gerou inclusive especulações de que teria se tornado um fanático religioso.
“Fiquei muito deprimido na turnê. Eu não falei sobre isso e ainda estou processando algumas coisas que ainda não falei. Eu fiquei sozinho. Eu precisava de um tempo”, compartilhou. “Tem sido muito difícil para mim confiar nas pessoas. Eu tenho lutado com a sensação de que as pessoas estão me usando ou não se preocupam de verdade, e que os jornalistas estão procurando tirar algo de mim e para depois usar contra mim”, acrescentou.
O artista pop foi além em sua reflexão: “Um dos grandes desafios para mim é confiar em mim mesmo. Tomei algumas decisões ruins pessoalmente e nos relacionamentos. Esses erros afetaram minha confiança no meu julgamento”.
Dessa forma, a decisão de deixar a música de lado não foi um mero capricho de um jovem milionário, garante o cantor: “Só de pensar em música me estressa. Tenho feito sucesso desde os treze anos, então não tive a chance de descobrir quem eu era além do que fazia. Eu só precisava de um tempo para me avaliar: quem eu sou, o que eu quero da minha vida, meus relacionamentos, quem eu quero ser – coisas que quando você está tão imerso na indústria da música, você meio que perde de vista”.
Os pastores Judah Smith e Carl Lentz – queridinhos da mídia norte-americana – foram adotados por Bieber como um “modelo” a ser seguido no que se refere à conduta pessoal. Ambos são casados e têm filhos.
A Vogue ouviu Smith sobre o relacionamento com o cantor, e o pastor revelou que quando o conheceu, ainda adolescente, sentiu que deveria fornecer amor e proteção ao jovem artista. “Eu já disse antes que aprendi mais com Justin do que que ele aprendeu comigo — sobre a condição humana, sobre a dor. Ele dá muito para o mundo, e muito foi tirado dele, incluindo um pouco da progressão natural do desenvolvimento, a chance de crescer relacional e socialmente. Ele consegue sentir tudo, imaginando quem está realmente sendo autêntico com ele. Seu ‘senso de aranha’ é notável, mas o assombra um pouco. Eu me emociono agora, vendo ele fazer um grande esforço para se preocupar com as pessoas ao seu redor, quando a última década de sua vida foi vivida em uma caixa de vidro”.
Já o pastor Lentz adotou uma postura mais “durona” com o pupilo. Um exemplo é a pressão que fez sobre o cantor, há cinco anos, para que ele se mudasse para sua casa em Nova Jersey e vivesse uma desintoxicação. À época, o artista ocupava manchetes nas páginas de celebridades e policiais por conta de suas arruaças e excessos com as drogas.
Agora, o cantor conta que essa internação informal surtiu efeito, pois desde então não consumiu nenhuma droga. “Fiquei muito orgulhosa dele. Fazer isso sem um programa, sem um especialista ou reuniões de AA, eu acho que é extraordinário. Ele é, de certa forma, um milagre ambulante”, elogiou a esposa.
Em meio a tudo isso, Justin Bieber diz que olha sua caminhada cristã e não se vê como um mero religioso: “Isso confunde muitas pessoas porque elas pensam: ‘Mas você vai à igreja’. Eu creio na história de Jesus — essa é a simplicidade do que eu acredito. Mas eu não acredito em todo o elitismo religioso e na pretensão de achar que as pessoas que vão à igreja são melhores do que as outras, ou que você tem que ir à igreja e se vestir de uma certa maneira. Eu me sensibilizo com a questão da religião porque isso já machucou muitas pessoas. Eu não quero ser visto como alguém que defende a injustiça que a religião fez e faz”, resumiu.