Luiz Sayão, pastor batista e respeitado teólogo hebraísta, compartilhou uma experiência de comunhão em que Deus o permitiu se despir do preconceito que tinha contra os cantores gospel.
O relato de Sayão, amplamente sincero, evidencia que há no seio da igreja evangélica uma certa incompreensão de lado a lado entre reformados e pentecostais ou neopentecostais.
Em sua conta no Instagram, o pastor condensou a experiência vivida em um relato curto e objetivo: “Já se vão cerca de 15 anos. Eu estava na Europa, em viagem de compromisso ministerial. Do nada, chegou um convite para trazer uma palavra num encontro de cantores gospel de expressão. De fato, foram dois. Um em Londres, outro na Alemanha. Estão misturados em minhas lembranças”.
Sayão admitiu que foi advertido pelos colegas acadêmicos: “Eu nem entendi o convite. Logo, fui alertado. Esse pessoal é complicado, extremado, super pentecostal, sem teologia, muitos não têm ética. Não é pra você. Ouvi muita coisa. Não houve nenhuma troca financeira. Nem recebi, nem doei coisa alguma. Tudo transparente”, contextualizou.
“Eu senti em mim que deveria ver de perto aquilo que era tão temido pelo mundo dos ‘sábios da academia’. Confesso que não vi cantores gospel. Vi pessoas. Gente. Irmãos. Foi incrível. Claro que o ‘som pesado’ e o jeito intenso e até extravagante de adorar de alguns eram difíceis pra mim. Mas, vi que tudo aquilo era um movimento de oração e missão em favor da Europa”, acrescentou.
Culto sincero
Luiz Sayão afirmou também que conferir pessoalmente como esses irmãos trabalhavam em seus ministérios foi benéfico: “Havia um coração por trás de toda ‘a santa confusão’”.
“Ainda preso à minha prepotência teológica, notei que uma moça adorava a Deus intensamente, com lágrimas. Ela me pareceu brasileira. Fui falar com ela. Nada de português. Vinha de um país árabe e tinha encontrado o Senhor e se derramava. Aquilo me impactou. Deus mexeu comigo e suavemente me segredou: você não sabe de nada”, admitiu.
Depois de ouvir as apresentações e levar uma palavra aos participantes, o pastor recebeu uma oportunidade única em sua jornada ministerial: “Terminado o encontro, fiquei olho no olho com as ‘estrelas gospel’. Desmoronei. Vi sinceridade, vida cheia de lutas, dores, dúvidas teológicas que se abriram ali e muita comunhão”.
“Conheci mais de perto alguns deles, família, filhos, e até de modo mais próximo em viagens pelo mundo. Achei difícil ouvir um deles me dizer: achei que você não viria. Ninguém do mundo da teologia ‘se contaminaria’ num evento nosso”, disse Sayão.
O aprendizado daquela oportunidade foi ainda mais profundo, pois o pastor viu um gesto de confiança da parte dos irmãos: “Como é fácil absolutizar nossa experiência limitada e trazer juízo apressado sobre os outros! Eu aprendi muito e hoje penso: como tiveram coragem de me convidar sem exigir ou pautar nada? Não sei explicar”.
“Acho que Deus gosta de brincar de esconde-esconde comigo. Ele manda essa criança aqui procurar, e fico tentando achar. Onde ele está? No grande encontro gospel, Ele estava escondido atrás das lágrimas da moça árabe no meio de um som barulhento. Quando vi, ele me disse: Achou”, finalizou.
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