O ex-presidente Lula (PT) classificou o pensamento conservador de “desgraça” durante um discurso realizado durante a inauguração de um laboratório da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Essa foi a primeira aparição do líder petista após o segundo turno das eleições municipais.
Criticando a PEC 241 – que estabelece regras e limites para que o governo não gaste o que não tem – e a reforma do Ensino Médio – que estabelece uma flexibilização no currículo para ajudar o estudante a se preparar para a carreira profissional, uma demanda antiga de educadores -, o ex-presidente afirmou que o “conservadorismo paulista” influencia, a seu ver, negativamente a política nacional.
Dado a distorções dos fatos, Lula disse que os paulistas não querem contribuir com o Brasil: “Aqui em São Paulo nós temos um problema que é o conservadorismo. Desde a Revolução de 32, quando foi construída a USP, que eles não queriam universidade federal aqui para não ter pensamento federal no Estado de São Paulo. Uma ideia, uma concepção retrógrada, que não tem noção de país, não tem noção de que o país tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, que nós somos uma mega nação, que tivemos as mais diferentes culturas desse mundo, e tem gente que não gosta disso. Tem gente que não gosta da ascensão de outros Estados”, afirmou o ex-presidente, segundo informações do Uol.
“Nós temos que aprender que cada vez mais, ao invés de a gente negar a política, a gente tem que fazer política. Porque a desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta. E quem gosta é sempre a minoria, é sempre a elite”, disse, de forma abstrata.
Desviando o foco da responsabilidade dos governos do PT na crise econômica que o Brasil atravessa, Lula admitiu erros, mas defendeu que “não se conserta um país discutindo crise”.
“Estamos numa crise agora? Estamos. Temos responsabilidade? Temos. Fizemos erros? Fizemos. Agora a verdade é a seguinte: não se conserta esse país discutindo crise […] Esse país era o país mais otimista do mundo, esse país era um país alegre, de repente esse país ficou mal humorado”, constatou.
Lula omitiu, em seu discurso, que o estado de São Paulo é o que mais contribui com impostos à União, e proporcionalmente, um dos que menos recebe recursos de volta. O estado – tocado pelo PSDB há décadas – representa o reduto de maior resistência às políticas progressistas defendidas pelo PT, como ideologia de gênero, legalização do aborto e drogas.
Nas eleições municipais, o partido de Lula conquistou apenas 8 cidades no estado, sendo transformado em um nanico. Na capital, a cidade mais importante do país, a bancada evangélica municipal cresceu quase 100%, passando de 7 vereadores para 13 a partir de 2017.