Um mal súbito poderia ter colocado um ponto final na história do menino Caê, mas a vontade soberana de Deus não era essa, e hoje seu testemunho inspira milhões de pessoas através da internet.
Caê estava subindo as escadas de uma quadra poliesportiva, após uma partida de futebol, quando desmaiou. Seu padrasto o socorreu enquanto sofria convulsões e duas paradas cardíacas, que resultaram em 15 a 20 minutos sem oxigenação no cérebro e graves lesões em todas as regiões cerebrais.
Levado às pressas a um hospital público de Natal (RN), os médicos descobriram uma doença da qual a família nunca havia sido informada, por falta de sinais: cardiomiopatia hipertrófica, patologia de origem genética caracterizada pelo engrossamento do músculo do coração.
A gravidade da situação tornou obrigatória a indução de Caê a um coma por 14 dias, enquanto ele era submetido a exames para a formulação de um diagnóstico. Mas, a suspensão dos sedativos trouxe uma nova surpresa negativa: efeitos colaterais tiraram boa parte dos sentidos e capacidades do menino.
“O Caê não enxergava, não falava, não andava, fazia alguns movimentos, mas as mãos estavam um pouco atrofiadas”, disse a mãe do garoto, Flávia Romano, 33 anos, em entrevista ao portal Guia-me.
A família, que já contava com as orações dos irmãos na fé, fez uma campanha de jejum e oração com a Bola de Neve Church de Natal. “Começamos a ver os milagres desde o início. Deus começou a me mostrar que desde o começo estava no controle”, contou a mãe.
Flávia contou ainda que no dia do desmaio, um policial que estava de passagem fez massagem cardíaca em Caê, mas seu marido, Filipe Leandro, 28 anos, tomou a iniciativa de levar o enteado por conta própria a um hospital, sem esperar por uma ambulância. E essa decisão fez diferença.
“Isso tudo foi direção de Deus, porque se ele [Filipe] tivesse esperado o SAMU, o Caê tinha morrido. Se ele tivesse ido para um hospital particular, o Caê tinha morrido, porque o hospital público é mais preparado para receber pacientes que estão em parada cardíaca”, pontuou Flávia.
O médico que fez o primeiro atendimento ao menino tentou a desfibrilação por cinco vezes: “Geralmente, uma criança volta com adrenalina e massagem cardíaca. Realmente, ele estava mesmo sem vida. O documento do hospital diz que ele entrou em uma morte súbita que foi revertida”, testemunhou.
Clamor
Paralelamente ao atendimento de emergência, amigos, familiares e pessoas de diversas igrejas se mantiveram em uma corrente de clamor pela vida de Caê. Mas, após 45 dias, os médicos chegaram à conclusão que o menino poderia ficar em estado vegetativo.
“Foi bem difícil ouvir isso, mas para Deus nada é impossível. Ele começou a reagir, aos poucos começou a enxergar, resmungar e dar sinais que ouvia. Depois de sair do hospital ele ainda não me reconhecia, enxergava um pouco, já falava algumas palavras, mas muito enrolado”, relembrou a mãe.
Os milagres foram acontecendo de forma constante, frequente, e o estado de saúde de Caê foi melhorando gradualmente: “Ele foi para casa com sonda e sem me reconhecer. No quarto dia, ele comeu e mastigou pela primeira vez. No sexto dia, que era uma sexta-feira, eu encomendei uma cadeira de rodas, mas no sábado ele andou”, contou.
“Por muitas vezes, eu não tinha fé, confesso, mas a igreja estando presente, as orações do povo, as pessoas que vinham me visitar de muitas igrejas no hospital, me trouxe ânimo. Eu recebi muitas profecias de que essa doença não era para morte, era para vida. Isso com certeza alimentou a minha fé”, salientou Flávia.
Normalidade
Caê tem agora dez anos de idade, e leva uma vida normal, apesar de uma pequena sequela na parte cognitiva, que atrasa seu aprendizado. Mas, uma prova de que essa sequela é minúscula, está na forma como ele se comporta e na decisão tomada por ele: ser batizado nas águas.
“A primeira vez que eu fui batizado pela Espírito Santo, eu senti uma coisa sobrenatural. Uma coisa que eu nunca senti antes”, contou o garoto num culto em sua igreja, em setembro do ano passado.
A medicina também considera a veloz recuperação de Caê como um milagre. Os médicos não sabem explicar como ele, em tão pouco tempo, alcançou o estágio atual: “Deus fez o que poderia demorar anos ou uma vida toda para a recuperação, porque existe a plasticidade do cérebro. Mas Deus quis que tudo acontecesse para a glória d’Ele. Em dois meses, meu filho já estava andando, falando e voltou à escola”, celebrou Flávia.
“Hoje não somos mais os mesmos. Além de ter ganhado meu filho de volta, eu ganhei uma fé inabalável. Assim como Jó, que conhecia de ouvir falar, eu passei a conhecer verdadeiramente a face de Deus. Não vou dizer que hoje não tenho problemas, mas nada se compara àquilo que o meu grande Deus pode fazer”, reconheceu.