Um projeto de lei que pretende rever pontos específicos do Estatuto do Desarmamento está causando a mais nova polêmica envolvendo o pastor Silas Malafaia, que é contra a permissão para o porte de arma, mesmo que seguindo critérios rígidos.
O projeto 3722/2012, de autoria do deputado Peninha Mendonça (PMDB-SC), quer derrubar a exigência de idade mínima de 25 anos para 21, dentre outros pontos.
O Instituto Defesa, que é favorável à ampliação do direito ao porte de arma para defesa pessoal, considera o projeto “o mais abrangente relacionado a liberação do direito à posse e porte de armas de fogo no Brasil”.
Para Malafaia, o projeto é resultado do “lobby da indústria de armas” e vai contra o princípio de valorização da vida, pois permitiria que professores fossem à sala de aula armados, assim como parlamentares no Congresso Nacional.
“Um verdadeiro absurdo. Cada cidadão […] pode ter seis armas em casa, e ter 100 munições por ano… Professor vai poder ir armado para a escola, no Congresso Nacional vai poder entrar armado. Isso é lobby da indústria de armas. Nós somos a favor que a Polícia esteja muito bem preparada de armamento, porque para enfrentar bandido com arma de guerra não é com revólver 32 não […] Agora há uma diferença entre a Polícia estar bem armada e armar o cidadão. Isso é loucura”, afirmou o pastor.
Veja:
Contraponto
O vídeo teve repercussão imediata nas redes sociais e o especialista no assunto Bene Barbosa, presidente do movimento Viva Brasil, gravou uma resposta ao pastor, afirmando que os estudos sobre o assunto e as estatísticas mostram o oposto do que o pastor sugere com sua opinião.
“Tive uma péssima surpresa ao ver um vídeo do pastor Silas Malafaia defendendo o desarmamento, e o que é pior: atacando de uma forma completamente equivocada o projeto de lei 3722”, afirmou Barbosa, que há 20 anos estuda o tema.
Barbosa ressaltou que “em tese” já é possível que o cidadão tenha armas de fogo em casa, pois o Estatuto do Desarmamento prevê essa possibilidade, embora “a lei não seja respeitada pelo nosso querido governo federal”.
E esse desrespeito à lei, segundo Barbosa, “é um dos motivos que nos faz querer rever o Estatuto do Desarmamento” para que o cidadão tenha “sua opção de defesa”.
A afirmação de Malafaia sobre a possibilidade de um professor ir armado à escola ou os parlamentares portarem armas de fogo no Congresso “não passa nem perto da verdade” de acordo com Barbosa, que frisou que o projeto de lei “veta esse tipo de atitude”.
“A ideia de que a Polícia é a única responsável pela segurança de cada um de nós” soa absurda para Barbosa: “Como se em algum momento houvesse uma possibilidade de a Polícia ser onipresente, onisciente, onipotente. A gente sabe que isso não é verdade, não é pastor? Tanto é que o senhor mesmo garante a sua segurança utilizando seguranças privados”, disse o especialista, lembrando uma entrevista concedida por Malafaia ao Pânico na Band em 2013, quando admitiu que tinha a escolta de quatro seguranças.
Confira no vídeo abaixo:
Outro que criticou a postura de Malafaia foi o escritor Flavio Quintela, coautor do livro Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento, em parceria com Bene Barbosa. Ele gravou um vídeo classificando a fala do pastor sobre o projeto como “mentirosa”.
Quintela ainda pontuou também que a estratégia usada por Malafaia em seu argumento contra o projeto de lei segue o mesmo padrão usado “pelo nosso inimigo”, a esquerda. Assista ao vídeo:
O que a Bíblia diz?
O reverendo Augustus Nicodemus Lopes aborda o tema e destaca que se a legislação em vigência no país permitir o porte de arma, não há nenhuma passagem na Bíblia que proíba o cristão de ter a sua própria arma para uso pessoal com propósitos de defesa.