O vídeo da reunião ministerial que foi divulgado sob ordens do ministro Celso de Mello foi avaliado pelo pastor Silas Malafaia como uma demonstração do compromisso do presidente Jair Bolsonaro com suas bandeiras de campanha e também com um potencial enorme de reagrupar apoio político ao governo.
Fiel a seu estilo, Malafaia ironizou a postura do ex-ministro da Justiça: “Deus sempre está à favor da verdade e da justiça, mas fica aqui [meu] obrigado, Moro, por você permitir que a gente fique sabendo quem é você, quem é a imprensa parcial, e quem é Bolsonaro”.
O raciocínio de Malafaia segue a linha de que, sem as acusações que Moro fez ao presidente ao deixar o governo no dia 24 de abril, o Supremo Tribunal Federal não poderia ter ordenado a divulgação do vídeo da reunião gravado pela equipe de Bolsonaro. Nesse contexto, a decisão foi vista pelo líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) como uma propaganda favorável no campo político.
“Com muito respeito, mas o ministro Celso de Mello virou o maior marqueteiro do presidente Bolsonaro. A reunião ministerial mostra um presidente contra a ditadura, a favor da democracia, a favor das liberdades e garantias individuais, indignado com o que aconteceu com o povo aí sendo preso e arrastado na rua. Um presidente preocupado com o Brasil”, disse o pastor, fazendo referência às imposições feitas por governadores e prefeitos no período de quarentena da Covid-19.
“A imprensa continua sendo inescrupulosa. Cuidando com o jogo. Preste atenção: querer usar a fala do presidente – eles querem interpretar, o presidente fala e quem interpreta é a imprensa – é para interferir na Polícia Federal do Rio… preste atenção: o inquérito contra o filho dele, Flávio Bolsonaro […] o pedido de arquivamento veio em fevereiro, foi arquivado em março. A reunião ministerial foi no dia 22 de abril”, acrescentou Malafaia.
Ao final, o pastor reiterou sua convicção: “Não tem um inquérito na Polícia Federal contra a família do presidente, nem seus filhos, nem ninguém. Então, a casa caiu. Mas a imprensa vai esconder isso. A reunião ministerial é do dia 22 de abril, o arquivamento da Polícia Federal foi em março. Então, por quê Bolsonaro iria querer trocar delegado da Polícia Federal do Rio para seus interesses? […] Acabam de reeleger Bolsonaro presidente do Brasil. Valeu. Deus é fiel, viu? Pode crer”.
Celso de Mello
A percepção de Malafaia é compartilhada pelo comentarista político Paulo Mathias, da rádio Jovem Pan. Com certa dose de sarcasmo, ele afirmou que Celso de Mello possui talento para uma nova carreira após deixar o STF.
“Celso de Mello está terminando agora o mandato como ministro do Supremo Tribunal Federal e já tem uma próxima carreira próspera pela frente: a de marqueteiro político. Porque, o que ele fez a favor do presidente Jair Bolsonaro na divulgação desse vídeo é incalculável”, disse Mathias.
“As falas do presidente Jair Bolsonaro são falas que mostram consistência do discurso que o elegeu, e isso, eu não tenho a menor dúvida, colocou ainda mais força política na base que o apoia na população brasileira”, reiterou o comentarista.