A ex-candidata a presidente Marina Silva (Rede) anunciou que ficará neutra em relação ao segundo turno, mas decidiu se posicionar indiretamente, sugerindo que o eleitor não deve confiar o voto a Jair Bolsonaro (PSL).
A Rede Sustentabilidade se reuniu para fechar questão na oposição aos dois candidatos que foram alçados ao segundo turno e definiu que faria uma contra-indicação a Bolsonaro, definindo o candidato conservador como alguém que “representa um retrocesso brutal e inadmissível”.
“A decisão do partido considera que nenhum dos dois projetos representa os anseios políticos econômicos e sociais do Brasil. Ambos têm graves problemas do ponto de vista ético. Recomendamos que nenhum voto seja dado ao candidato Bolsonaro pelo que ele representa contrário à democracia e à proteção dos direitos humanos”, afirmou Marina Silva durante entrevista.
Segundo informações do jornal O Globo, a ex-senadora e ex-ministra do PT foi questionada se essa forma de se posicionar seria um apoio indireto a Fernando Haddad: “Em relação ao outro candidato que as pessoas votem de acordo com a sua consciência. Poderão votar nulo, branco ou qualquer que seja o voto”, desconversou.
Confira a íntegra da nota divulgada pela Rede Sustentabilidade em relação ao segundo turno:
Nestas eleições, a Rede Sustentabilidade apresentou à sociedade brasileira um projeto alternativo à polarização. Frente ao ódio e à mentira, oferecemos a face da verdade e da união em prol de um Brasil mais próspero, justo e sustentável. Infelizmente, os dois postulantes no segundo turno representam projetos de poder prejudiciais ao país, atrasados do ponto de vista da concepção de desenvolvimento, autoritários em relação ao papel das instituições de Estado, retrógrados quanto à visão do sistema político e questionáveis do ponto de vista ético.
A Rede não se alinha e não apoia nenhum deles. A corrupção sistemática revelada pela Operação Lava Jato foi uma marca dos governos petistas, assim como de boa parcela dos parlamentares que agora estão com o Bolsonaro. Os dirigentes petistas construíram um projeto de poder pelo poder pouco afeito à alternância democrática.
Por outro lado, é impossível ignorar que o projeto de Bolsonaro, conforme tem sido reiteradamente afirmado, representa um retrocesso brutal e inadmissível em três pontos muito caros aos princípios e propósitos da Rede. Primeiro, promete desmontar inteiramente a estrutura de proteção ambiental existente no país, conquistada ao longo de décadas, por gerações de ambientalistas. Chega ao absurdo de anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura. Com isso, atenta contra o interesse da sociedade brasileira e destrói pilares fundamentais para o futuro do país.
Além disso, ataca os direitos das comunidades indígenas e quilombolas, anunciando que não será demarcado mais um centímetro de suas terras. Segundo, é um projeto que despreza direitos humanos e a diversidade existente na sociedade, promovendo a incitação sistemática ao ódio, à violência e à discriminação. Por fim, é um projeto que ameaça a democracia e põe em cheque as conquistas históricas desde a Constituinte de 1988.