A história de Kathi Aultman é impactante, comovente e inspiradora ao mesmo tempo. Difícil não ser diferente, tendo em vista o testemunho de alguém que por décadas praticou um dos atos mais cruéis da humanidade: o aborto.
Após se formar em medicina, Aultman se especializou em obstetrícia, indo trabalhar em uma clínica feminina que praticava abortos. Em sua mente, a médica recém formada via a prática apenas como um trabalho qualquer. Retirar a vida de um ser humano, ainda que no ventre materno, para ela não envolvia qualquer sentimento:
“Eu estava olhando isso completamente do ponto de vista científico, totalmente desprovido de qualquer emoção”, disse ela, dizendo o que fazia com as partes do corpo dos bebês após realizar o aborto. “Eu costumava mandar estes órgãos, as diferentes partes, até à patologia e em nossa rotação patológica, nós olhávamos para os slides e isso me fascinava”.
Aultman ficou grávida, mas ela disse que não via contradição nisso, pois considerava que o seu bebê era desejado, enquanto o das mulheres que abortavam, não. Todavia, o período da sua gestação foi onde teve início suas primeiras dúvidas acerca da legalidade moral do aborto.
Três casos de aborto que deixaram a médica em dúvida
Certa vez a médica chegou na clínica e se deparou com uma jovem que queria fazer o quarto aborto. Os três anteriores foram feitos por Aultman. Confusa, ela questionou a decisão:
“Fui ao gerente da clínica e disse que não queria mais fazer isso. Ela só estava usando o aborto como controle de natalidade. E eles disseram que eu não tinha o direito de tomar essa decisão, porque não era um julgamento [moral], e que eu deveria fazer o procedimento”, disse ela, segundo entrevista concedida para a CBN News.
“A próxima mulher entrou com sua namorada e a namorada perguntou: ‘você quer ver o feto?’ e ela disse rapidamente, com uma voz realmente brava: ‘Eu não quero olhar para ele, só quero matá-lo!’. Então eu pensei: ‘o que esse bebê fez com ela para que ela o odiasse tanto?”, lembrou a médica.
Naquele momento Aultman começou a perceber que o aborto sempre vitimiza a pessoa mais inocente em toda a história, independente das circunstâncias, e que na grande maioria das vezes ele é praticado em consequências de atitudes irresponsáveis dos pais.
O terceiro caso ajudou Aultman a entender melhor isso, quando uma mulher que já tinha quatro filhos estava sendo forçada pelo marido à abortar o quinto, por questões econômicas:
“Ela chorou o tempo todo. Eu acho que a insensibilidade e hostilidade dos dois primeiros [casos] em comparação com a tristeza e a devastação da terceira mulher, me fez entender que só porque a criança não era desejada, isso não era mais justificativa suficiente para eu fazer o procedimento [de abortar]”, disse ela.
Em 1983, Aultman foi para um culto evangélico e lá decidiu conversar com o pastor em particular. Ele orou por ela e ela se converteu ao cristianismo. Ela conta que nem acreditava que Jesus Cristo era uma pessoa física e que havia andado na terra. O pastor lhe deu dois livros: “Evidências que Exigem um Veredicto” e “Cristianismo Puro e Simples”, ambos apologéticos. Ela disse que sua vida começou à mudar a partir de então.
Aborto é uma forma de assassinato em massa, alerta a ex-abortista
Dois anos depois de se converter, Aultman leu um artigo que comparava o holocausto nazista contra os judeus com a prática de aborto. “Eu provavelmente matei mais pessoas do que Ted Bundy ou qualquer um dos assassinos em massa se você considerar todos os abortos que eu fiz”, disse ela.
Nesse momento a ex-abortista sentiu o peso da culpa e não conseguia se perdoar pelo número de assassinatos que havia praticado através do aborto. Uma forma de se desculpar com a vida foi palestrando contra o aborto e, como obstetra, ajudar a salvar a vida de bebês e das mães durante o período de gestação.
Atualmente ela conta que uma das maiores alegrias é ver crianças que ela ajudou à nascer, mais velhas: “Uma das coisas mais maravilhosas para uma médica obstetra”, disse ela.
Sobre a culpa e a dificuldade de se perdoar, Aultman disse que procurou ajuda pastoral, sendo acompanhada espiritualmente por um líder cristão. Em um dia, ao conversar com seu conselheiro, ela entrou em pranto e orou ao Senhor:
“E durante esse momento, em minha mente eu pude ver as vestes de Jesus e Seus pés e eu estava a Seus pés chorando e Ele disse para mim ‘você é mais poderosa do que eu? Você é mais importante do que eu? Você é mais forte do que eu? Eu sou capaz de perdoar você, mas você não pode se perdoar?’. Naquele momento eu entendi que Ele havia me perdoado e que eu precisava me perdoar e foi aí que eu realmente encontrei a minha cura”, disse ela.