A polêmica em torno da liberação do aborto de fetos anencéfalos ultrapassou as fronteiras religiosas e ganhou defensores da manutenção da proibição deste procedimento na área médica.
Segundo a coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital São Francisco, Cinthia Macedo Specian, tecnicamente o feto com formação defeituosa do cérebro não pode ser considerado natimorto cerebral: “o feto tem um comprometimento severo de um órgão muito importante, mas não posso classificá-lo como um indivíduo que está em morte encefálica”.
Specian afirmou em entrevista ao portal Terra que estudos mostram que bebês nascidos com anencefalia tem respiração espontânea, além de mais de 50% deles conseguirem mamar e deglutir o leite: “Já os pacientes com morte encefálica não deglutem nem a saliva e não têm movimento ocular”, ressalta.
Outro médico contrário à antecipação terapêutica do parto, Dorival da Silva Brandão, especialista em ginecologia e obstetrícia e membro da Comissão de Ética e Cidadania da Academia Fluminense de Medicina, afirmou não compreender o que leva um profissional de saúde a sugerir o aborto nesses casos: “Casos de crianças anencéfalas que sobreviveram após o parto são relevantes, mas o mais importante é que aquela criança está doente e precisa de tratamento. Ela não perde o direito à vida porque está doente”.
Diversas lideranças religiosas também se manifestaram contra a prática do aborto. Entre os líderes evangélicos, pode-se citar os pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano, que incentivaram os fiéis a protestarem contra a descriminalização da prática.
Em artigo, o pastor Renato Vargens afirmou ser “contra a qualquer tipo de aborto”, e ressaltou que “à luz da ciência e da Bíblia, uma criança não nascida é um ser completamente formado, no sentido que toda a informação genética já foi recebida no momento da concepção”.
Confira abaixo, a íntegra do artigo do pastor Renato Vargens, publicado no “Púlpito Cristão”:
O UOL publicou que os Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) devem decidir hoje (11) se o aborto de anencéfalos – fetos com ausência total ou parcial do cérebro – pode ou não ser considerado crime.
A ação chegou ao STF em 2004, por sugestão da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS). A entidade defende o aborto quando há má formação cerebral sem chance de longa sobrevivência para a criança. Para grupos religiosos, incluindo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o princípio mais importante é o de que a vida deve se encerrar apenas de forma natural.
O que é anencefalia?
A anencefalia causada por um defeito no fechamento do tubo neural (estrutura que dá origem ao cérebro e à medula espinhal). Ela pode surgir entre o 21º e o 26º dia de gestação. O diagnóstico é feito no pré-natal, a partir de 12 semanas de gestação, inicialmente por meio de ultrassonografia. Entidades médicas afirmam que o Brasil tem aproximadamente um caso para cada 700 bebês nascidos.
A grande maioria das crianças que nascem sem cérebro morrem instantes depois. Além de carregar no útero um bebê fadado a viver possivelmente por alguns minutos, as mães ainda têm de lidar com a burocracia de registrar o nascimento e o óbito no mesmo dia. Alguns juízes já autorizaram abortos desse tipo. O advogado da CNTS na ação, Luis Roberto Barroso, classifica a gravidez de anencéfalos de “tortura com a mãe”.
Os críticos do aborto de bebês nessa situação citam um caso de 2008 em Patrocínio Paulista, interior de São Paulo. Marcela de Jesus Ferreira sobreviveu um ano e oito meses porque a ausência de cérebro não era total e porque sua mãe, Cacilda Galante Ferrari, se recusou a interromper a gravidez.
Caro leitor, eu sou contra a qualquer tipo de aborto. Como já escrevi inúmeras vezes creio que o aborto é um crime hediondo. Abortar é tirar a vida de um ser humano, visto que a Bíblia ensina que a vida começa na concepção. Deus nos forma quando estamos ainda no ventre da nossa mãe (“Tu criaste cada parte do meu corpo; tu me formaste na barriga da minha mãe.” Sl 139.13). O profeta Jeremias e o apóstolo Paulo foram chamados por Deus antes deles terem nascido (“Antes do seu nascimento, quando você ainda estava na barriga da sua mãe, eu o escolhi e separei para que você fosse um profeta para as nações.” (Jr 1.5); “Porém Deus, na sua graça, me escolheu antes mesmo de eu nascer e me chamou para servi-lo.” (Gl 1.15)
Vale a pena ressaltar que à luz da ciência e da Bíblia, uma criança não nascida é um ser completamente formado, no sentido que toda a informação genética já foi recebida no momento da concepção. Uma criança não nascida é uma pessoa completamente distinta da sua mãe. O bebê desenvolve todas as suas características humanas quando está no ventre. Os cromossomos de uma criança não nascida são únicos. Toda pessoa é uma criação singular de Deus. Jamais voltará a vida de uma criança não nascida tirada por um aborto, isto posto, abortar a vida de uma criança é desobedecer descaradamente o 6º mandamento.
É o que penso!
Renato Vargens
Fonte: Gospel+